As gírias acabaram se tornando uma personificação genuína do cotidiano dos grupos de uma cidade. E nessa Torre de Babel que é São Paulo a coisa é tão intensa que essas expressões se multiplicam a cada esquina. Não tem como viver aqui e não usar nenhum tipo de gíria, meu! Pra você ficar por dentro do que rola, o Virgula Lifestyle convidou a jornalista e apresentadora Renata Simões, que já apresentou programas no Multishow, GNT, e também foi repórter do Video Show, na TV Globo, para te guiar nesse vocabulário das ruas.
Se liga só:
Bapho: Um acontecimento para lá de inesperado, marcante. Algo que pode (ou não) causar uma revolução na vida. Às vezes é dito em tom de fofoca “preciso te contar um bapho” ou como comentário “que bapho!” Quando o bapho é muito bapho mesmo, a gente escreve com PH.
Salve: Um aceno, um alô. A gente manda salve pros amigos e quando quer avisar algo.
Tranqueira: Aquele ou aquilo que ninguém quer. Não é bom pra nada.
Causar: Tem gente que causa uma situação, um problema, um furor, uma excitação. Usado em sua maioria de maneira positiva, causar é o ato de chegar chegando ou perturbar alguma situação. O fulano pode causar no bar ao beber demais ou os amigos podem causar no show ao fazer um mosh.
CPF na nota: O governo te devolve parte do imposto em forma de dinheiro em conta ou pagamento de outros impostos. O maior agente causador de filas em supermercados e drogarias.
Dois palito: Quando você quer dizer que algo vai ser rápido, é “dois palito”, um pra ir, outro pra voltar.
Fervo: Usada para se referir ao acontecimento noturno ou a qualidade da pista que estejam quentes e bons. “Qual o fervo hoje?” ou a “pista tá um fervo?” É ritmo de festa, como canta SS.
Vaza/dar linha na pipa: Mandar embora ou sair. Você pode “vazar” de um lugar que não está bom assim como pode “dar linha na pipa” de alguém, botar o fulano para andar.
Firmeza: Pode ser usado como comprimento “e aí, firmeza?” ou para se referir a alguém “aquela pessoa é mó firmeza”. Alguém ou algo que é ponta firme, legal, que você confia.
Goma: Casa. Paulista direto convida você pra ir na goma dele.
Groselha: Falar besteira, algo sem sentido. Alguém só fala groselha ou tá groselhando na sua orelha.
Treta: Briga, discussão. Evite sempre.
Noia: Pode ser O nóia, ou A nóia. Diminutivo de “paranóia”, é usado para falar de uma pessoa fica obsessivamente pensando na mesma coisa. Os nóia é como chamamos também os viciados em drogas. Também tem a Nóia que é o ato de ficar ali, maquinando horas a mesma idéia.
Noiaba: Bobão.
Orra, meu: Gíria paulistana dos anos 80.
Demorô: Quer dizer que está certo, fechado.
Bagulho: Serve para tudo. pode ser uma coisa, uma festa, uma situação. O bagulho tá doido, foi foda, tá demais.
Quebrada: É usado para se referir a partes da cidade. A sua quebrada é o seu bairro mas também é usado para indicar periferia ou vielas menores.
Bodear: Um estado de espírito perigoso que te contamina! Bodear é ser acometido pela preguiça, do tipo ter um “ataque de preguiça” que pode ou não ir embora. As vezes você bodeia antes de sair e cataplof, tchau balada. As vezes você bodeia de uma pessoa, e aí não consegue nem ver o ser humano na sua frente. As vezes você vai tirar um bodinho, ou seja, uma soneca preguiçosa que é uma delícia.
Putz grila: Outra gíria dos anos 80. Indica surpresa.
Carão: O ato de fazer poker face paulistano, você faz carão numa festa para não falar com alguém mas também pode fazer o carão para sair na foto. Festa com muito carão acaba sendo chata, porque tá todo mundo na pose.
Poser: Alguém que tenta fingir ser algo que não é. Normalmente poser faz carão, mas nem todo mundo faz carão é poser.
Parça/Truta: Seu amigo de fé, irmão camarada.
Peganinguem: Aquele que vive dizendo que sai com todas e na verdade ele não pega ninguém.
Rodar: Ser pego em flagrante.
Zica: Pode ser o melhor do baile ou a maior roubada. Quando é pessoa, é usado de maneira positiva, é o cara mais foda, agora se “Deu Zica” quer dizer que algo saiu errado.
Uó: Olha, uó é uó, pessoa ou situação que não é legal.