<b>Medalha paraolímpica não foi o ‘suficiente'</b>

Gílson dos Anjos (foto) cruzou a linha de chegada em primeiro lugar nos 1500m e levou a medalha de ouro. Mesmo não sendo sua prova mais forte, o atleta de Joinville, em Santa Catarina, levou a melhor na categoria B3 (deficiência visual "leve").

No dia anterior (07 de setembro), Gílson ficou com a prata nos 800m, assim como nas Paraolimpíadas em Atenas, no ano passado. Sonho de todo atleta, os Jogos foram um momento marcante na vida de Gílson, mas ainda assim algumas portas continuam fechadas.

"Esse ouro foi bom para tirar o stress", comenta, demonstrando sua auto-cobrança. Os treinos de dois períodos, cinco dias por semana levam esse animado catarinense a resultados tão positivos, mas a espera por melhores condições continua.

"A falta de patrocínio ainda é um problema. A bolsa atleta ainda não veio para mim, mas a gente segue na batalha", conta Gílson que tem a maior parte de sua renda vinda das "premiações" de campeonatos nacionais.

<b>Da revolta ao ouro</b>

Emerson Germano se aquece. Dá atenção especial às coxas, já sofridas dos seguidos treinamentos. Com a volta completa na pista, ao lado do guia Felipe, conquista o ouro nos 400m na categoria B1. E cai.

A dor na perna esquerda não permite que o atleta comemore seu feito naquele momento. Mas a missão está cumprida e mais uma barreira foi ultrapassada por Emerson. "É uma superação a mais. A competição vai se aproximando e você não quer ficar de fora", explica sobre o esforço.

Atleta de São Bernardo do Campo, em São Paulo, Emerson encontrou no esporte uma forma de integrar-se a uma sociedade que de um dia para o outro ficou às escuras para ele.

Emerson teve perda total da visão depois de sofrer um acidente. Seu mundo caiu. "No começo é muito difícil. Você fica revoltado, pensa que é o único, que está sozinho", relata. A luz deste momento sombrio veio com a "descoberta" de outros em igual condição. "O contato com outros portadores de deficiência foi fundamental para me reerguer".

"Comecei a me perguntar ‘Por que não posso’?", explica Emerson sobre sua decisão em entrar para o atletismo em 2002. Foi neste momento em que deixou a revolta de lado e a transformou em superação mental e física.

Como tantos outros, Emerson enfrenta a falta de incentivo financeiro. Ainda assim, sonha em em estar presentes em uma Paraolimpíada. "A participação abre mais ainda as portas para conseguir patrocínio". Para quem atravessou obstáculos tão mais assustadores, esta não parece ser uma dificuldade capaz de parar Emerson. Com a vida marcada pela superação , ele resume bem sua batalha. "A esperança nunca morre".

<i>fim</i>


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Corrida às escuras, brilho dourado no olhar - <i>II</i>