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Quem acompanha o futebol brasileiro deve ter percebido que, neste início de temporada, os exames médicos passaram a ser manchetes ao lado das contratações e saídas de jogadores. Mas a importância destas avaliações só começou a ser percebida agora ou os clubes mudaram sua postura em relação à saúde dos jogadores?
Para o médico do Corinthians, Dr. Paulo de Faria, o que mudou foi a cobertura da mídia. "Essa preocupação já existia nos grandes clubes, mas isso só está sendo divulgado agora", diz ele.
Alguns casos este ano chamaram a atenção. O zagueiro Fabão, campeão do mundo pelo São Paulo em 2005, deixou o Japão para reforçar o Santos. Mas foi reprovado na bateria de exames, por conta de uma lesão mal-curada.
No Flamengo, o volante Gavillan também não passou pelos exames médicos e sua contratação chegou a ser cancelada. Logo depois, no entanto, o Fla assinou um contrato de risco com o jogador, em que o clube poderá, a qualquer momento, rescindir o acordo.
Já o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, responsável pelos atletas do São Paulo, considera que a importância dos exames médicos é uma tendência mundial. "Não só no Brasil, mas no mundo todo os clubes estão atentos a isso", afirma ele.
<b>Caso Serginho</b>
Os dois profissionais, no entanto, concordam quando questionados da importância da morte do zagueiro Serginho, do São Caetano, em 2004, vítima de uma parada cardiorespiratória. "O episódio com o Serginho foi um divisor de águas", diz Turíbio.
"A postura dos clubes mudou muito depois daquela fatalidade", comenta Paulo de Faria. "Mudou tudo. O caso do Serginho chocou muito e fez os clubes mudarem seuas condutas, os rigores e os cuidados", afirma Turíbio.
O Dr. Paulo de Faria lembra de um caso que não teve tanta repercussão, mas que para ele ilustra bem a preocupação com a saúde dos atletas. "O Felipe Alvim, por exemplo, encerrou a carreira com 27 anos. Hoje ele é professor de Educação Física, mas não pode nem tem capacidade física de competir", afirma o médico, lembrando o caso do lateral que parou de jogar em janeiro de 2005.
<b>O futuro</b>
O fato é que os times brasileiros já não fecham os olhos para a saúde dos jogadores. O folclore brasileiro diz que muito jogador já entrou em campo lesionado e que até Pelé, o Rei do Futebol, teria uma dificuldade de visão e, mesmo assim, não deixava de entrar em campo nunca.
Na opinião de Turíbio, a "culpa" também é o do tipo de futebol praticado hoje em dia. "Não dá para comparar com o passado. A exigência física, hoje, é muito superior à de quatro, cinco décadas atrás", diz ele.
Segundo o fisiologista, o atleta entra em campo sabendo que está no seu mais alto nível físico. "Hoje é importante o jogador saber que não há nada que vá prejudicar o seu desempenho e que ele poderá atuar em sua condição plena", diz ele. "Às vezes há exagero na carga de treinos, mas se o atleta estiver seguro de que foi bem orientado e examinado, poderá aguentar bem o treinamento", finaliza Leite de Barros.
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