Aposentado do futebol após rápida passagem como jogador do Anzhi, da Rússia, o ex-lateral-esquerdo Roberto Carlos deu uma entrevista ao site da Fifa e falou sobre o atual momento vivido pela seleção brasileira. Mesmo confiante no time comandado pelo técnico Mano Menezes, o ex-jogador acredita que o elenco atual precisa de mais atletas experientes para que Neymar não fique sobrecarregado.
“É preciso ter referências no grupo. Não um ou outro jogador, mas vários, como nós tínhamos na equipe de 2002, por exemplo. O Mano sabe disso e não vai passar a responsabilidade de liderar para o Neymar. Isso quem vai fazer é o Thiago Silva, o Kaká… O Neymar tem que só jogar futebol e não se preocupar em liderar nada”, disse Roberto Carlos no texto que foi publicado nesta segunda-feira (29).
Acompanhando a carreira de Neymar desde cedo, o agora dirigente Roberto Carlos acredita no sucesso do atacante do Santos não só pelo seu talento. “Eu conheci o Neymar quando ele tinha 14 anos e foi à Espanha passar um tempo conhecendo o Real Madrid. Desde aquela época – e, depois, vendo vídeos dele – não dava para ter dúvida alguma de que ele jogava muito. Eu acho que o fato de ele ter evoluído tão bem, apesar de toda a expectativa em cima, tem a ver com a família. Se você não tiver uma boa cabeça e gente de confiança ao seu lado, como eu tive, como Ronaldo, como Kaká, o talento às vezes não basta”.
Campeão da Copa do Mundo de 2002, disputada na Coreia e no Japão, o ex-lateral ainda se sente magoado por conta das críticas sofridas em 2006, quando o Brasil foi eliminado pela França com um gol de Henry em falha de marcação de Roberto Carlos.
“Toda Seleção que é formada e disputa uma grande competição, especificamente a Copa do Mundo, acaba ficando marcada. A Seleção ajuda muito a vida de qualquer um, mas, ao mesmo tempo, a tolerância para erros é mínima. Eu defendi a Seleção durante mais de uma década e, para muita gente, fiquei marcado só por um gol sofrido, em que supostamente a culpa foi minha”, afirmou.
Querendo permanecer no futebol, Roberto Carlos deixou claro o desejo de virar treinador nos próximos anos. “Eu tenho viajado com o time e trabalhado lado a lado com os técnicos, embora, na verdade, eu continue participando dos treinos, no campo. É uma vida nova, da qual eu tenho gostado muito. Mas agora, no final de 2012, devo tirar a minha licença de treinador. É legal ser diretor e assumir essas responsabilidades, mas o meu negócio é mesmo estar ao lado do campo. É isso que quero”, finalizou.