BOGOTÁ (Reuters) – O cantor de estilo “vallenato” que mais vende discos na Colômbia, Diomedes Díaz, de 45 anos, entregou-se novamente à Justiça de seu país na quinta-feira, para responder pelo assassinato de uma fã em 1997. A informação foi divulgada por seu advogado.

Vítima de uma depressão, segundo o advogado, Díaz, conhecido como “El Cacique de la Junta”, foi levado a uma prisão de Valledúpar, cidade do norte da Colômbia e berço do gênero musical que fez sua fama, para responder pelas acusações de homicídio e fuga da prisão.

Universalizado por Carlos Vives, o vallenato é um ritmo musical que se toca com acordeão, tambor e relata histórias populares.

Centenas de pessoas se reuniram em volta da prisão onde o artista foi detido, carregando fotos e discos e vestindo camisetas com dizeres como “o Cacique voltou”.

Num primeiro momento, a Justiça colombiana o havia condenado a 12 anos de reclusão pela morte de Doris Adriana Niño, uma jovem de 22 anos cujo corpo foi encontrado num campo próximo a Bogotá e que, depois de ser confundida com uma prostituta, foi sepultada como desconhecida.

Díaz permaneceu sob prisão domiciliar e, em 1998, ganhou liberdade condicional, sofrendo de problemas de saúde que o deixaram tetraplégico durante quatro meses.

Desde agosto de 2000 ele era foragido da justiça porque, segundo seu advogado, não havia garantias de transparência em seu processo.

“Diomedes continua sem entender porque foi condenado. Ele sempre me disse: ‘Não encostei um dedo em Doris Adriana. Ela morreu pelo efeito de drogas’. Isso o levou a questionar se valia a pena se entregar, e ele acabou por fazê-lo”, disse o advogado do cantor, Evelio Daza.

O advogado previu que Díaz pode passar cerca de 11 meses na prisão antes de sair sob liberdade condicional.

Ele assegurou ter a esperança de que, de conformidade com o código carcerário, o cantor seja autorizado a gravar seu próximo disco na prisão e exercer sua profissão, mesmo preso.

Díaz, que admitiu manter relações sexuais com a jovem e que, na noite da morte dela, consumiu álcool e drogas, é o artista que já vendeu mais discos na Colômbia — cerca de 16 milhões de cópias, segundo a gravadora Sony Music.

Estão envolvidos no processo pelo assassinato da moça — que, segundo a autópsia, morreu por asfixia, com sinais de que teria sofrido violência sexual — o guarda-costas de Díaz e o vigia do edifício onde a festa aconteceu, na zona norte de Bogotá.

“Estamos diante da mais tenebrosa e sinistra conspiração que qualquer processado já enfrentou na Colômbia”, disse o advogado, acrescentando que está escrevendo um livro sobre a história de uma das maiores lendas do vallenato.


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Famoso cantor colombiano se entrega por assassinato