Ela tem feito muito sucesso com sua mistura campeã de MPB com música eletrônica. Só tem recolhido críticas positivas e já está fazendo shows no exterior. Pois é, a cantora Fernanda Porto está com tudo.

Ela agora está lançando um CD novo, Giramundo, que conta com uma regravação da música “Roda Viva”, do Chico Buarque. Ele, inclusive, canta a música com Porto.

O Virgula conversou com ela e perguntou tudo que você queria saber. Confira!

Você teve uma formação clássica, não é? No que isso te ajuda na música que faz hoje em dia?

Fernanda Porto: Eu fiz faculdade de música, mas sempre tive uma banda popular. Inclusive, conheci a música eletrônica na faculdade. Meu interesse era ter um diploma e conhecer música mais a fundo. Esse conhecimento me ajuda bastante e eu o continuo usando.

Você tem feito vários shows fora do Brasil. Como é ver a sua música fazendo sucesso lá fora?

Embora ache que a música possa ser compreendida em qualquer língua, prefiro que isso aconteça aqui, porque um brasileiro pode entender melhor a letra. Eu fiz questão de lançar meu CD aqui no país, mesmo tendo uma proposta de uma gravadora na Itália. Apesar disso, tenho noção de que é preciso levar o meu som para outros lugares. Nos shows, o público não difere muito, o daqui para o de fora. Claro que é legal, porque eu já fui 4 vezes, então fui parar em um circuito de festivais grandes, com público de 20 mil pessoas.

E o público? Tem muito brasileiro?

Não, a maioria é mesmo de estrangeiros, de pessoas do local onde eu estou tocando. Agora começaram a aparecer mais brasileiros mas, mesmo assim, eles devem somar cerca de 10% do público.

O que mudou do primeiro CD para esse, Giramundo?

Eu gravei o primeiro CD sozinha. Só uma das músicas tinha percussão, a Baque Virado. Era uma coisa que fazia sentido naquele momento pra mim. Eu estava tentando fazer uma demo pra chegar em uma gravadora, e só com os recursos que eu tinha e com a minha paixão por MPB e drum’n’bass. Hoje, eu consigo juntar as pessoas que eu quero, em um estúdio, pra gravar, todos juntos.

Qual a cara desse CD novo?

Eu sempre gostei de muitos estilos e isso acaba se refletindo na música que eu faço. Tem três músicas que, para o primeiro CD, eu não tinha conseguido os arranjos que eu queria. Neste disco, eu também tive a corqagem de colocar mais baladas. Eu estava mais disposta a assumir isso. No primeiro até tinha, mas raramente eu queria tocar.

Que outros estilos a gente pode encontrar no CD?

Ah, tem marcha misturada com drum’n’bass, tem música com levada pop rock, música com toque reggae. Minha música nunca é 100% uma coisa.

Você andou cantando Sampa em alguns shows. Por que ela não entrou no CD?

Como eu sou compositora, acabo querendo registrar as minhas canções. O que eu posso fazer é entrar em contato para disponibilizar essa música na internet.

Mas Roda Viva está no álbum e também não é sua.

Essa versão foi feita para o filme Cabra Cega, que sai em 2005 e fala da ditadura, repressão. Por isso, sabíamos que ia acabar parando no Chico Buarque. Além dessa, também entraram “Construção” e “Rosa dos Ventos”. A gente mostrou para o Chico e o convidamos para cantar. Eu admiro muito o tabalho dele. Ele e Tom Jobim são os mestres da MPB.

Essa não é sua primeira trilha sonora. Você, inclusive, já ganhou prêmios com uma delas. É algo que você gosta muito de fazer, não?

Eu adoro ter outros estímulos para compor. Por isso, gosto de musicar letras, poemas que não sejam meus. É legal porque a inspiração que o filme passa me joga em lugares que eu não chegaria sozinha.

Então, você pretende continuar com seu trabalho com trilhas?

Eu acho que tenho defender isso na minha carreira. Isso é parte dela, é algo que eu vou fazer sempre. Acho legal depender de um estímulo externo.

O que você acha dessa onda de surgimento de bandas que, como você, misturam MPB com música eletrônica?

O fato de outros artistas terem enveredado pelo mesmo caminho que eu só me mostra que isso é verdade pra mais gente. Existem muitas bandas legais por aí, como a Zé Maria, que faz um drum’n’bass acústico. Mas o público tem que tomar cuidado porque agumas bandas fazem essa mistura de um jeito descuidado, o que pode dar uma desvalorizada.


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O Virgula entrevistou a Fernanda Porto!