Esta coluna não tem o objetivo de ser engraçada e sim de alertar o seu senso auditivo enquanto é tempo: pare de ouvir Beyoncé.
Tudo bem: a Miss Jay-Z, futura dona da música norte-americana, tem lá seus dotes. Pernas, cabelo impecável e, tudo bem, até tem um vozeirão. Mas afinal de contas, o que ela diz em todas as músicas que canta?
É um tal de uh uh…hey hey…aha aha…e quando ela finalmente chega nas palavras, é tudo muito rápido. A questão é: você presta atenção no que ela diz? Você ouve o que ela canta?
Desafio as escolas de inglês a testarem a audição de seus alunos colocando eles para transcrever o que Beyoncé diz nas músicas. É praticamente impossível. Além das batidas intermináveis, que de repente começam a soar como marteladas na cabeça, há o já conhecido, excesso de gemidos. Esses gemidos…
Eles são a base da música da maioria das cantoras pop de hoje. Pra que escrever uma boa letra? Não, vamos enrolar nosso ouvinte. E vocês crianças, ainda caem nisso bancando os espertinhos. E tem mais, o caso das repetições. Não conhece? Bem, na falta de uma boa letra e quando até elas se cansam do gemido, chega a hora de repetir tudo, in-can-sa-vel-men-te.
Não dá pra suportar o ‘ma ma ma ma’ de Sugar Mama. Em Get me Bodied, Beyoncé repete tanto as palavras ‘body’ e ‘bodied’ que você passa a acreditar que só existem as duas na música. E em Ring the Alarm? Que infelicidade. Quem tentou contar – mas com sucesso – quantas vezes ela usa a expressão ‘let go’? Além do mais, em todas as músicas ela reclama do cara com quem se envolve. Das duas uma: ela está dando uma indireta em Jay-Z ou o cara tem um concorrente, de quem ela reclama.
Alguém ajude a música pop a sobreviver. Não há palavras que acompanhem essas ‘batidas’ de hoje, mas não vamos todos nos render aos ‘oh oh oh…uh uh uh’ ou ‘ah ah ah’. Sem contar os ‘ hey hey’ que aparecem pra dar aquela cara de ‘sou do gueto, sou hip hop’, mas desculpe Beyoncé. Com seus trajes, saltos altos e a pretensão de ter um dia só seu (o tal B-Day), o máximo que pode acontecer é nós acreditarmos que um dia você foi do gueto, mas hoje está bem longe dele.
E não vá pensando ser a nova Diana Ross – que classe, que cabelo, que voz – pois com músicas assim, qualquer um faz sucesso…ah…acho que agora entendi.
