“Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens”, disse Jesus aos irmãos Simão e André enquanto andava à beira do mar da Galiléia, tal como narra o Novo Testamento em Mateus 4:19. Quase dois mil anos depois, a busca por fiéis continua intensa, mas toca-discos e caixas de som já fazem as vezes de linha e anzol na pescaria de homens. É assim, agregando jovens cristãos e não-cristãos sob lasers e estrobos, com o fio condutor da música eletrônica gospel, que eventos como o Arena Beats, da igreja Sara Nossa Terra, vêm captando centenas de novos devotos com a força das batidas.

Para conferir até que ponto a proposta de converter na pista de dança dá liga, visitamos a quarta edição do Arena no último sábado (20), na sede da SNT localizada na Rua Augusta, em São Paulo. Sem cigarros, drinks, quaisquer entorpecentes ou registro de brigas, a festa juntou 700 pessoas ao som dos DJs MP7, Mitchu, Bortolato, Debby e Olvr. Eles se engajaram em comandar salves para Jesus das 22h às 5h30 da manhã.

Confira imagens da 4a. edição do Arena Beats na igreja Sara Nossa Terra aqui!

Para Nilton Fernandes, que idealizou e produz o evento desde 2005, esta edição deu sinais de que a produção do Arena viveu um aperfeiçoamento em relação a anos anteriores. “O painel de LED, a guitarra ao vivo, o MC acompanhando os DJs e até um desfile da Riachuelo agregaram valor ao evento, que ganhou essa cara mix“. O produtor, que realiza festas eletrônicas também junto a outras comunidades religiosas de São Paulo, acredita que as raves são espaços perfeitos para “arregimentar”, isto é, trazer novos fiéis aos cultos.

“A prova disso será o culto do sábado que vem. Após um evento como este, o número de jovens cristãos na igreja sempre aumenta”, garante. “Há inclusive muitos que entram em contato com o evangelho em uma rave e depois acabam virando até líderes de célula em uma igreja após a festa”.

Um desses líderes de célula, ou seja, de “reuniões semanais que acontecem na casa de um irmão que está precisando da palavra de Deus”, Thiago Guimarães, 18, marcou presença no Arena Beats. Habitué das raves de Jesus, ele contou o quanto curte a idéia de mostrar aos jovens que eles podem “ter Deus na balada, enquanto curtem psy ou d&b”. Convertido há três anos, acredita que uma das grandes vantagens da festa é a pregação da alegria e da celebração de maneira saudável. “Antes de me converter, sentia um vazio muito grande e tentava preenchê-lo com bebidas, drogas e sexo. Hoje o espaço foi totalmente preenchido por Jesus”.

Assim como Thiago, as amigas Débora Regina (23), Erica Bruno (32) e Priscila Magro (25) eram pura alegria. “É a primeira vez que a gente vem ao Arena. O mais legal nesse tipo de balada é a oportunidade de fazer amigos. Ficamos muito fechados em nossa própria igreja e aqui a gente pode conhecer pessoas de igrejas diferentes”.

A falta de combustível alcoólico parecia não fazer a menor a falta para as garotas. Uma delas, Débora, estava até rouca, de tanto se jogar. “É engraçado porque todo mundo pensa em igreja evangélica como uma coisa careta e chata. Dá pra fazer tudo o que se faz em uma balada normal, só que com lucidez, sem a ação de álcool e entorpecentes”.

Sem bebidas, sem drogas e sem… amassos. As meninas garantem que até rola uma troca de telefones, mas fiel que é fiel não beija na pista. “Acho que o nosso grande diferencial é que valorizamos nosso tempo, porque sabemos que somos a carne do senhor”, diz Erica, que só pretendia deixar o Arena quando a última luz se acendesse.


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Divertir para converter: igreja vira rave e reúne centenas em São Paulo