Se o cinema apresentou recentemente a história da estilista Zuzu Angel, que lutou contra a repressão para descobrir o paradeiro de seu filho Stuart, o Núcleo 2 do Teatro Fábrica de São Paulo leva ao palco a peça A Mãe, que narra a história verídica de uma mãe que durante a Revolução Russa, em 1905, se envolveu no movimento revolucionário por causa do filho.

"A Mãe é um texto interessante", diz o diretor geral da montagem Sérgio Audi. "Ele narra o drama pessoal e individual de uma mãe que representa o drama de todo o povo russo", comenta ele. Através da consciência política, a mãe percebe a realidade e se mobiliza para críticar os mecanismos de opressão. Uma história já conhecida de muitos brasileiros.

Baseada na adaptação de Bertolt Brecht do romance de Máximo Gorki, a peça é antiga mas para Sérgio nunca deixou de ser atual, a não ser pelo caráter revolucionário. "As relações entre o capital e o trabalho, a riqueza e a distribuição de renda continuam as mesmas. As pessoas não percebem o que a peça diz. Toda a riqueza é fruto do trabalho e os que mais trabalham não desfrutam dessa riqueza", comenta o diretor.

As pesquisas para a peça começaram em julho de 2005 e os atores ensaiaram durante 4 meses. A montagem faz parte da pesquisa desenvolvida pelo Núcleo 2 intitulada As Formas de Teatro Social. Sérgio conta que um dos objetivos do núcleo é formar o público para que ele participe não apenas de forma passiva. A idéia é romper a quarta parede, "uma tendência do teatro moderno".

Pensando na maior participação do público, que muitas vezes não vai ao teatro por falta de condições, o grupo levou o teatro a espaços como escolas, mas sem as características do teatro de rua e sempre buscando entender a relação entre o ator e o espectador. 

Mas deve a arte ter sempre um caráter social? Para Sérgio, o mais importante é comunicar uma idéia. "Arte não é privilégio dos artistas, é uma forma das pessoas se manifestarem", diz ele. Em tempos de eleição e mudanças, a montagem de A Mãe não traz uma saída, segundo Sérgio, mas alerta que a realidade sempre pode ser alterada. "As pessoas tem é que refletir", finaliza.

A Mãe – Teatro Fábrica São Paulo

Rua da Consolação, 1623
Até 19 de novembro
Sextas e sábados às 21h30 e domingo às 20:30
Preço: R$ 12,50 a R$ 25
Fone: (11) 3255-5922


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Virgula em Cartaz: Núcleo 2 do Teatro Fábrica encena peça e mostra que a realidade é mutável