Eis a história: num dia que parecia comum, o repórter do jornal O Globo, Pereira Rego, foi atropelado, e percebendo que a morte se aproximava, pediu a uma jovem que lhe desse um último beijo.

Nas mãos de Nelson Rodrigues, a história ganhou uma outra versão, escrita apenas em 21 dias em meados da década de 60, tornando-se uma das maiores peça do autor de A Vida Como Ela É, e que agora, volta aos palcos em São Paulo com um elenco de peso formado por Emílio Orciollo Netto, Leopoldo Pacheco, Graziela Moretto (que substitui Fernanda Machado), Nathália Lima Verde e Flávio Antônio.

Eis a história de Nelson: o atropelado pede um beijo ao jovem Arandir (Emilio) e a cena é presenciada pelo repórter mau caráter Amado Ribeiro, do jornal Última Hora e que fora retratado pelo autor no folhetim Asfalto Selvagem. O jovem tem sua vida destruída por ser acusado de causar o acidente e ter um envolvimento amoroso com a vítima. O que era apenas um gesto de solidariedade vai parar na primeira página do jornal como crime passional.

"É uma história que mostra o poder da mídia de destruir a vida das pessoas", comentou Emílio em entrevista ao Virgula.

Em sua primeira peça com um texto de Nelson Rodrigues, ele não esconde a admiração pelo autor, que com o passar do tempo é mais admirado pela sua obra. "Este é um dos meus textos preferidos, entre outros como A Falecida, Vestido de Noiva. O Nelson mexe na ferida, crítica. Afinal, todos nós temos os nossos desvios e ele explora bem isso", diz o ator, que não descarta a possibilidade de encenar outros textos de Nelson.

A peça fica em cartaz até o dia 28 de setembro no Teatro Folha, no Shopping Higienópolis, às quartas e quintas-feiras.

Enquanto está com a peça em cartaz, Emílio tem outros projetos: está gravando cenas para a minissérie Amazônia, onde viverá o seringueiro Bento, e junto com o parceiro Selton Mello produzirá o longa Feliz Ano Novo, que tem início na história do clipe da música Flerte Fatal, do Ira!, dirigido por Selton e protagonizado por ele.


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Emílio Orciollo Netto: 'Nelson Rodrigues mexe nas feridas'