Voltou à pauta a discussão de uma lei antiga, que assim como muitas não é respeitada, e que obriga a exibição de curta-metragens antes das sessões de filmes nos cinemas. A obrigatoriedade está prevista no art.13 da Lei nº 6.281/75 criada em 1975. Depois de passar anos desapercebida, o Ministério Público quer fazer valer o artigo e recomenda à ANCINE, Agência Nacional de Cinema, que ele seja cumprido.

O curta é uma produção sem espaço no Brasil, assim como os documentários, que apesar de estarem "na moda" com o surgimento de Falcão: Meninos do Tráfico e outros títulos como Ônibus 147, são marginalizados e substituídos por enlatados cheios de clichês, que não requerem o mínimo de esforço para o entendimento da obra.

Grandes nomes do cinema – tanto atores quanto diretores, estão envolvidos em curtas e documentários de excelência que não chegam ao conhecimento do público. Então, será que a saída é mesmo obrigar a exibição desses filmes antes dos pastelões dos cinemas? 

É certo que aqueles que se interessam pelo assunto sabem onde encontrar esse tipo de material. A cada dia se abre mais o espaço para os festivais, operadoras de celulares disponibilizam vídeos, concursos instigam os novos e tradicionais produtores e a internet ganha mais sites direcionados ao assunto. Porém, é necessário democratizar o acesso a eles.

Antes de discutir se deve ser obrigado a exibição em cinemas, é preciso avaliar o espaço oferecido na TV aberta para esse tipo de produção: acostumar o público com um formato diferente e inteligente de documentar os fatos e não obrigá-los a ver algo que nunca viram.

A obrigação por si só já é um exemplo de não democracia e uma falta de respeito ao público. Obrigar o público assitir ao horário eleitoral não faz com que as pessoas se interessem por política, pelo contrário, faz aumentar a audiência da TV paga. Obrigar a exibição dos curtas não fará as pessoas assimilarem esse formato tão desvalorizado no Brasil. Deverá sim aumentar as filas para comprar pipocas e doces antes dos filmes.

Obrigar é proporcionalmente tão agressivo quanto censurar. È tirar o direito de escolha do público. Os produtores e diretores de curtas merecem sim um espaço e um reconhecimento pelo seu trabalho, mas empurrar goela a baixo não é a forma mais racional de se encontrar o tão desejado lugar ao sol.

Obrigar seria tirar o encanto dos curtas, que em geral, tem uma proposta inovadora e oposta aos filmes apresentados nas salas comerciais, empurrando uma informação que não foi desejada.


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Vírgula em Curta: Obrigar não. Democratizar com certeza