Nos últimos anos, os gringos vêm se deslumbrando cada vez mais com São Paulo. Publicações de prestígio como as revistas Vice e Wallpaper e o jornal New York Times decretaram que a capital paulista é o máximo do descolado e interessante no Brasil e que já deixou o Rio de Janeiro, destino turístico tradicional, para trás.
Para comprovar isso, dois guias turísticos estrangeiros sobre São Paulo com apelo mais moderno e jovem saem em 2009. Total São Paulo: A Guide to the Unexpected e Time Out São Paulo.
O Virgula conversou com as editoras dos dois guias, Anna Katsnelson (Time Out) e Phuong Cac-Nguyen (Total), para saber um pouco mais sobre o que tanto interessa aos gringos em São Paulo e como eles enxergam a cidade.
Você tem um amigo gringo vindo passar dois dias em São Paulo e quer impressioná-lo. Onde você o levaria?
Anna: Para o topo do edifício Itália ou do Banespa ter uma vista da cidade e conhecer a magnitude dessa megalópole. Para ver Portinari no MASP, andar pela Paulista, fazer compras na Oscar Freire ou ao Teatro Municipal e a Catedral da Sé. Levaria ele para o Mercadão para comer frutas da Amazônia, pastéis, quibes e outras comidas encantadoras. E à Liberdade para comer japonês.
Phuong: Para a Avenida Paulista ver todos os famosos arranha-céus da cidade e depois para um bairro menor como a Vila Madalena, para mostrar como um clima mais intimista pode existir numa metrópole que parece tão impessoal.
Se você fosse sair para a balada, ir nuns três lugares, onde escolheria ir?
Anna: Bom, eu não sou muito clubber, então se fosse para dançar eu iria para os fantásticos lugares de samba da cidade, tipo Ó do Borogodó, Pau Brasil e Bar Mangueira.
Phuong: Adoro o sistema de som e a vibe do Studio SP, me lembra muito lugares onde vou assistir bandas em Los Angeles. Também iria para o Ó do Borogodó para samba ao vivo e depois fechar a noite no D-Edge ou Vegas para olhar o povo.
Duas coisas que você ama em São Paulo.
Anna: A comida. Os restaurantes aqui humilham muitas outras cidades: Temakeria e Cia, Capim Santo, Brasil a Gosto, são apenas algumas das preciosidades da cidade. A cena de arte é provavelmente a melhor da América do Sul. São Paulo tem o dobro, talvez o triplo, a mais de eventos de arte do que o Rio ou Buenos Aires (tidas como as cidades mais culturais e ricas da América do Sul).
Phuong: Os paulistanos e a rica diversidade das culturas (japoneses, libaneses, chineses, coreanos, italianos, a cultura do Nordeste do Brasil). E esse tipo de mistura incrível que não existe em nenhum outro lugar.
Algo de São Paulo que os gringos não conseguem entender.
Anna: Por que todo mundo ainda fuma em bares e restaurantes. Outra
coisa é que a cidade é, na verdade, bastante segura. Também que,
comparada a maioria das cidades sul-americanas, especialmente Rio e
Buenos Aires, São Paulo é quase clinicamente limpa.
Phuong: A poluição é ruim o bastante, mas eu vejo muitas pessoas, mesmo aquelas supostamente bem-educadas, que jogam lixo na rua como se não houvesse amanhã. Nós gringos adoramos reclamar disso.
Quando gringos pensam no Rio, pensam em mulheres na praia e Carnaval. Quais as imagens associadas a São Paulo?
Anna: Bienal, Sao Paulo Fashion Week, Parada GLBT, COPAN, Unique,
Pinacoteca do Estado, Memorial do America Latina, o grafite d’Os
Gemeos, MAM, Avenida Paulista, Rua Oscar Freire, Ponte Estaiada Octavio
Frias de Oliveira, pensamos em arranha-céus e na resposta do Brasil a
Nova York.
Phuong: Arranha-céus, trânsito parado, pessoas correndo para o trabalho.
Veja mais:
TOTAL SÃO PAULO (lançado)
TIME OUT (sai em julho)