Desde 2003, com o lançamento de Como Estão Vocês?, os Titãs não traziam aos fãs um álbum de inéditas. Mas, agora, a espera acabou: Branco Mello, Charles Gavin, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, que compõem a atual formação da banda, estão lançando seu 16º disco de estúdio, Sacos Plásticos, sob a batuta do produtor Rick Bonadio e com o selo da gravadora Arsenal Music.
Embora retome um pouco do estilo mais tradicional dos Titãs, o disco traz elementos eletrônicos e referências aos anos 80 em seu som. De acordo com o vocalista e guitarrista Sérgio Britto, a sonoridade é um retorno à identidade que o Titãs construiu durante toda a sua carreira.
Na verdade, esses novos elementos estão divididos em duas vertentes: as mais pesadas e as mais melódicas. Mas não são exatamente inovações, e sim uma junção de tudo que já existe no Titãs em todos esses anos. Sacos Plásticos é o trabalho que mais tem a nossa cara, afirmou Britto.
Para ele, entretanto, esse retorno não é mera repetição do passado. Nós obviamente colocamos elementos novos em nosso som, mas tentamos, acima de tudo, manter o nosso estilo. Não queríamos nos repetir, afirmou o vocalista e guitarrista.
Sacos Plásticos traz várias baladas, a exemplo das últimas músicas do grupo que fizeram sucesso, como Epitáfio e Enquanto Houver Sol. Segundo Sérgio Britto, porém, essa tendência não é o sintoma de uma banda que está ficando velha. Ficamos marcados por músicas românticas, mas não fazemos isso porque estamos ficando velhos, acomodados ou qualquer coisa do tipo. Mesmo porque esse disco reúne vários estilos, explica.
Produção e composição
Além de marcar a entrada da banda na Arsenal Music, Sacos Plásticos é o início da parceria com o produtor Rick Bonadio, responsável por revelar artistas como Fresno e NX Zero. Com fama de controlador, Bonadio é conhecido por dirigir seus artistas com mão de ferro e interferir na condução das músicas em estúdio. Mas, segundo Britto, nada disso aconteceu com o Titãs. Nenhum artista faz o que não quer. Somos bem grandinhos para isso. Vejo o Rick como um bom produtor, que oferece ótimas condições de trabalho para as bandas que trabalham com ele. Ele tem um entusiasmo pelos Titãs que nos contagiou logo de cara.
O período de composição do álbum, segundo o vocalista e guitarrista, foi tranquilo, apesar de longo. Ficamos um ano e meio decidindo como seria esse novo som, compondo mesmo. Ao todos, tínhamos cerca de 40 músicas e escolhemos 14 delas para entrar no álbum.
Se, antes, era comum na carreira do Titãs alguns dos integrantes chegarem a abandonar o estúdio por não concordarem com a escolha fnal das músicas, Britto garante que dessa vez o clima foi de consenso. Escolhemos essas 14 músicas baseados em uma coisa bem simples: todos tinham que curtir e concordar com a escolha das faixas. Toda banda busca um consenso, e nesse disco foi o que o Titãs encontrou.
Desde 2003 a banda não se reunia em estúdio para compor material novo, mas mesmo assim ele garante que não houve estranhamentos na reunião. Nunca paramos de fazer shows, então não teve nada de estranho. Foi a coisa mais normal para nós entrar em estúdio e começar a gravar coisas novas, porque a gente nunca para realmente de compor.
Internet e marketing
Para Sérgio Britto, não fez nenhuma diferença gravar um álbum agora em 2009, quando a internet é uma realidade e todo álbum é pensado em formato digital. Olha, a gente não se preocupou nem um pouco com essa coisa toda de downloads, de pirataria etc. Isso é coisa para a gravadora. Nós estávamos interessados mesmo na música. Não modificamos o processo de composição só porque alguém pode ir lá e baixar nossa música na internet. Não se compõe pensando em marketing, afirmou.
Para ele, Sacos Plásticos é uma prova de que ainda dá para acreditar no formato do álbum. Nós acreditamos no álbum, nesse conjunto, nesse todo de músicas. Por isso mesmo que não fizemos nenhuma música já pensando em single. O processo de composição foi único, pensando em uma obra completa, finalizou.
Arte do álbum
A arte de Sacos Plásticos chama a atenção todo o projeto gráfico é baseado em cores pastéis, com imagens de manequins. Segundo Britto, o visual está diretamente relacionado com o nome do álbum. Esse título veio de um exercício de auto-ironia. Queríamos fazer um álbum que falasse da fronteira entre arte e produto, por isso achamos que sacos plásticos era uma boa para falar de uma era de consumismo desenfreado. Por isso os manequins, que são símbolos de produção em massa.