Quem diria que entre os milhares de remixes de músicas de Lily Allen enviados para o site oficial da cantora pop, em concurso promovido por sua gravadora, a EMI, o primeiro lugar – e com larga vantagem do segundo colocado – seria um samba-rock? Pois a façanha coube ao brasileiro Thiago Corrêa, que fez uma releitura envenenada de Knock Em Out, faixa do primeiro CD da inglesa, Alright, Still (2007).
A regravação é, na verdade, apenas uma das 32 músicas do projeto Outra Música, criado há seis meses, em que Corrêa grava e coloca em seu site oficial (endereço no fim do texto) versões de clássicos de vários estilos em samba-rock. Michael Jackson, Britney Spears, Bob Marley, B-52s, Rolling Stones e Beyoncé, entre outros, já foram homenageados pelo paulista de Santo André, que também recriou temas de filmes e seriados como Simpsons e Os Caça-Fantasmas.
Músico desde os oito anos, Thiago, atualmente residente em Porto Alegre, já conseguiu emplacar com o projeto faixas nas trilhas sonoras de vários programas de TV, como Caldeirão do Hulk e Domingão do Faustão, ambos da Globo. O cantor, compositor, arranjador e instrumentista conversou com o Virgula Música e falou sobre a primeira colocação no concurso de Lily Allen, as conquistas com o projeto de covers, sua ligação com o samba-rock e seus projetos. Leia abaixo!
Virgula – Por que você decidiu participar do concurso de Lily Allen? Ficou surpreso em levar o primeiro lugar?
Thiago Corrêa – Fiquei sabendo sem querer. Eu estava procurando uma música dela para fazer uma versão samba-rock e fui parar em seu site. Fiz o cover e enviei, mesmo percebendo que a promoção valia apenas para o novo CD da Lily (It’s Not Me, It’s You, de 2009) e essa música era do Alright, Still. Dois dias depois, recebi um e-mail da sede da EMI (gravadora da cantora) na Inglaterra, dizendo que a música era brilliant (em português, “brilhante”) e que estava tocando around the office (“no escritório”). Pulei de alegria. Eles curtiram tanto que colocaram no site dela.
Como tenho vários fãs cadastrados no meu site, pedi para que todo mundo votasse e consegui ficar em 20º lugar. Depois, a galera da rádio Pop Rock, de Porto Alegre, pediu que eu fosse lá. Eles começaram a divulgar e, assim, a música chegou em primeiro lugar rapidinho. Agora, está com uma margem de 2 mil votos de distância do segundo colocado.
Virgula – O primeiro lugar no concurso já tem rendido contatos gringos?
Thiago Corrêa – Na verdade, não. Mas ganhei crédito aqui no Brasil. No meu site, há cadastros da Bélgica, Espanha, EUA, Holanda, Japão e Inglaterra, mas a maioria é brasileiro mesmo. Acredito que, quando o meu CD for lançado na Europa, em julho, vou conseguir mais contatos. É como eu sempre digo: Pra ser brasileiro, só saindo do Brasil. Aqui, muitos consideram o samba-rock como pagode. Lá fora, é a nova bossa nova. Lily Allen está aí pra confirmar!
Virgula – Como você escolhe as músicas para fazer as versões? Pensa em fazer o mesmo com outros ritmos?
Thiago Corrêa – Eu uso só a voz do cantor original ou canto a música, com outro arranjo completamente diferente. Como o meu som é o samba-rock, escolho as músicas que seriam as mais inusitadas para o estilo. Assim consigo atrair os olhares de quem tem preconceito. Já fiz versões de, entre outros, Amy Winehouse, Queen, Fergie, Bob Marley e Beyoncé – essa, aliás, também tem dado o que falar, tanto que toca direto no (programa da TV Globo) Caldeirão do Huck.
Virgula – Como teve a ideia de jogar as músicas na Internet?
Thiago Corrêa – As pessoas acham que precisam de rádio, gravadora e empresário para começar a trabalhar. Mas esses profissionais, como diz o nome, são profissionais. Só irão investir em quem pode fazê-los ganhar dinheiro. E como eu chamaria a atenção deles? Ora, mostrando que posso dar lucro. Por isso, migrei para a Internet, onde todos são teoricamente iguais. Ganha o mais criativo e não necessariamente o que tem grana.
Virgula – Você também compõe material próprio, né?
Thiago Corrêa – Sim. Tenho um CD chamado A Grande Preocupação, que será lançado dia 27 de julho pela gravadora Curve Music, de Londres. Que conheci graças à Internet e ao meu projeto.
Virgula – Você é músico desde quando? Quais são as suas influências?
Thiago Corrêa – Sou músico desde que nasci! Comecei com 8 anos a tocar violão clássico e, daí, para compor e produzir foi um passo. Minhas influências são principalmente música brasileira como Tom Jobim, Wilson Simonal, Carlos Imperial, Jorge Ben Jor, além de rock, de Chuck Berry a Maroon 5, e muita trilha de filmes. Sou louco por cinema!
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