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A busca obsessiva pelo corpo perfeito tem grandes chances de ser mais do que vaidade, pode indicar que a pessoa está passando por transtornos alimentares, comportamentos repetitivos que envolvem preocupação excessiva com o peso e a forma corporal.

Pra tirar dúvidas a respeito, conversamos com a médica especializada em endocrinologia e nutrologia, Dra. Ellen Simone Paiva, mestre em Medicina na área de Nutrição e Diabetes pela USP. Ao se identificar com algum dos transtornos citados ou notá-los em alguém próximo, procure um especialista ou grupo de apoio.

1) O que são disfunções transtornos alimentares e o que as causam?
As alterações que ocorrem no comportamento alimentar são definidas como “transtornos alimentares”. Essas alterações são chamadas de “transtornos”  e não “doenças” por ainda não se conhecer bem suas causas.  Tratam-se de comportamentos alimentares anômalos e repetitivos, geralmente envolvendo uma preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, um medo enorme de engordar, levando as pessoas a assumirem dietas muito restritas e a métodos extremos para se conseguir os corpos que elas idealizam, mesmo que às custas de muito sofrimento e agressões à saúde.

2) Por que elas acontecem mais com mulheres do que homens?
Também não sabemos as causas da nítida maior incidência em mulheres. Sabemos que essas alterações, como todas as doenças psiquiátricas são mais incidentes em mulheres, embora há relatos de que os homens vem sendo acometidos em maior proporção que anteriormente. Os homens tem algumas nuances diferentes, como é o caso de que eles podem utilizar métodos compensatórios diferentes das mulheres, como é o caso do uso exagerado de laxantes e práticas excessivas de atividade física ao invés dos vômitos na Bulimia Nervosa. Neles também são mais frequentes os transtornos da compulsão alimentar não seguidos de compensação, como s Síndrome do Comer Noturno.

3) Quando os pais descobrem que os filhos estão com esse problema, o que devem fazer?
Um fator muito importante é que nos transtornos alimentares graves como a Anorexia Nervosa, a redução extrema dos alimentos é relativamente tardia na evolução da doença, e quando uma menina chega a reduzir drasticamente a ingesta alimentar ao ponto de fazer jejuns, ela já mostra sinais da doença há muito tempo. Devem chamar a atenção dos pais, uma certa conduta de rigidez e perfeccionismo por parte de suas filhas, uma preocupação extremada com o peso corporal e uma opção por abolir de suas vidas, toda e qualquer atividade que envolva alimentos, inclusive passeios e festas.

Digo que é mais importante reconhecer as formas iniciais da doença, pois a medida que o tempo passa e a doença progride, as dificuldades no tratamento aumentam muito, principalmente na Anorexia Nervosa. Diante de um filho com transtorno alimentar os pais devem procurar um Serviço Multidisciplinar para que ele possa ser tratado. Essas doenças requerem uma equipe de profissionais devido à complexidade de seus efeitos. Muitas vezes a família também requer tratamento, pois há muitos fatores na dinâmica familiar envolvidos na gênese dos transtornos alimentares.

4) Além de compulsão alimentar, anorexia e bulimia agora ouvimos falar em vigorexia, drunkorexia e fobia alimentar. O que são?
Não são transtornos reconhecidos pelos manuais de doenças mentais, como é o caso da Anorexia e Bulimia Nervosa. São descrições de comportamentos anormais, alimentares ou não, que refletem transtornos da imagem corporal e mecanismos anormais de busca pelo corpo idealizado. Na vigorexia, há uma obsessão pelo aumento da massa muscular e uma insatisfação mesmo diante de corpos disformes e volumosos. A drunkorexia é descrita como a opção por bebidas alcoólicas por parte das pacientes com transtornos alimentares, em substituição dos alimentos. A fobia alimentar, o nome já define como um quadro de medo de alimentos. 

5) Qual a melhor forma de tratar essas disfunções?
Como são transtornos de causa desconhecida, não há uma forma de tratamento reconhecidamente eficiente ou curativa. Também não há medicamentos específicos para os transtornos alimentares. Assim é que as formas de tratamento são muito variadas, envolvendo terapia cognitiva comportamental, psicanálise e vários medicamentos utilizados em psiquiatria. Além disso, devem ser tratadas as várias complicações clínicas que geralmente ocorrem no curso dessas doenças, como osteoporose precoce, complicações da desnutrição, doenças gastrintestinais e as mais graves complicações cardiovasculares que arriscam a vida, principalmente das pacientes com Anorexia nervosa. Logo, precisamos de uma equipe composta por médicos, nutricionista, psicólogos, psicanalistas, enfermeiros e principalmente uma família engajada nesse objetivo. 

Dra. Ellen Simone Paiva
faleconosco@citen.com.br
www.citen.com.br

Ambulim – Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Tel.: (11) 3069-6975
ambulim@hcnet.usp.br 

Proata – Programa de Orientação e Assistência  aos Pacientes com Transtornos Alimentares (Unifesp)
Tel.: (11) 5579-1543
proata@psiquiatria.epm.br

Sinto Muito (lista de discussão sobre transtornos alimentares)
www.br.groups.yahoo.com/group/sintomuitogrupo


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Cinco Perguntas: tire suas dúvidas sobre transtornos alimentares