A bancada do Democratas no Senado decidiu no início da tarde desta terça-feira (30) que vai pedir o afastamento temporário do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Os senadores, porém, não discutiram por quanto tempo Sarney deve ficar longe do cargo.
Os parlamentares ainda estão reunidos na liderança do partido no Senado. De acordo com a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), a decisão, tomada de maneira consensual, serve para que as investigações sejam conduzidas de forma isenta.
PSOL
Enquanto os Democratas oficializam o pedido de afastamento de Sarney, o PSOL protocolou uma representação contra o presidente do Senado e contra o ex-presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). A ação foi oficializada na Mesa Diretora por quebra de decoro parlamentar.
O partido quer investigar os atos secretos na Casa desde 1995, período em que Renan e Sarney presidiram o Senado. “O PSOL está cumprindo a sua obrigação. Só precisa de ato secreto quem privilegia o banditismo do submundo”, disse a presidente do partido, Heloísa Helena.
O pedido, no entanto, precisa ser encaminhado ao Conselho de Ética, mas esbarra na falta de membros do colegiado. Desde fevereiro, alguns partidos ainda não fizeram a indicação dos senadores. Com isso, a representação aguarda que o Conselho esteja completo antes de começar a tramitar.
Apesar de pedir a investigação nos últimos 14 anos, a representação não incluiu os nomes de Tião Viana (PT-AC) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), dois senadores que também presidiram o Senado no período. Heloísa Helena disse que apenas na gestão de Sarney e Renan os atos secretos tiveram “suspeição relevante”.
A representação pede, ainda, a investigação nos contratos de empresas que prestam serviços terceirizados e nas empresas de empréstimo consignado para servidores.
Suspeitas
Denúncias mostram que o ex-diretor-geral da Casa Agaciel da Silva Maia teria influência em empresas de terceirização e o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi teria intermediado empréstimos consignados para funcionários da Casa. Os dois já foram afastados dos cargos.
O neto de Sarney, José Adriano Cordeiro Sarney, também tem uma empresa que intermediou empréstimos para servidores. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, a empresa ofereceria, também, seguro de vida aos funcionários, numa espécie de venda casada.
José Sarney chegou cedo ao Senado para participar de uma sessão solene, mas não deu declarações sobre o assunto.