Duna é um bizarro filme de ficção científica, dirigido por David Lynch e lançado em 1984, com um insólito elenco que inclui o cantor Sting. Porém, mais bizarro que essa produção é o caso ocorrido nos bastidores, anos antes do filme chegar às telas: Duna era um projeto do controvertido cineasta chileno Alejandro Jodorowsky.
Isso mesmo: Jodorowsky pretendia adaptar o esquisito romance futurista de Frank Hebert. O diretor chegou a iniciar o projeto, e passou dois anos escrevendo roteiros, conversando com possíveis atores e idealizando o visual do filme ao lado de uma equipe de poderosos artistas visuais.
A ideia era lançar Duna em 1975, mas o projeto nunca viu a luz do dia. Quase dez anos depois, foi parar nas mãos de Lynch, que enfim realizou a obra – até hoje vista como um dos filmes mais estranhos de todos os tempos.
Na visão de Jodorowsky, no entanto, o filme seria ainda mais estranho. Ele pretendia escalar para o elenco figuras como Mick Jagger, Orson Welles, Salvador Dali e David Carradine. Em matéria de elenco inusitado, até Quentin Tarantino perdia.
A lenda perdida do filme volta à tona com o lançamento do documentário Jodorowsky’s Dune. Realizado em 2013, o filme chega agora ao mercado via lançamento em Blu-Ray – a princípio, somente no mercado externo.
O filme traz depoimentos do próprio Jodorowsky e de outras pessoas que se envolveram com a criação da obra. O cineasta – famoso por seus filmes alucinantes, como El Topo (1970) e A Montanha Sagrada (1973) – conta que sua meta era fazer um filme que fizesse com que o público se sentisse “viajando” a bordo de LSD – mesmo estando sóbrio.
Na equipe de artistas visuais, figuravam nomes como Dan O’Bannon, H.R. Giger e Jean Giraud (sim, o notório Moebius). Storyboards e ilustrações criadas para o filme podem ser vistas no documentário, assim como trechos do roteiro. O diretor tentou vender o projeto para Holyywood, sem sucesso. O resto é história.
Segundo o crítico Andre Dellamorte, do site Collider, o documentário se sustenta pelo material histórico apresentado, além da saborosa história revelada. O formato, porém, foi considerado conservador – o crítico aponta que o documentário usa o velho formato de “cabeças falantes”, com os depoimentos enfileirados de forma comum.
Ainda assim, o documentário tem um valor histórico óbvio, considerando o filme que Jodorowsky poderia ter feito com tal elenco e tal equipe, e que nunca aconteceu.
Assista ao trailer do documentário aqui: