Paramore – All We Know is Falling
Alguém pode explicar por que a gravadora Warner Music resolveu relançar agora no Brasil o primeiro CD do Paramore, All We Know is Falling? Afinal, eles estão prestes a lançar seu terceiro trabalho de estúdio, Brand New Eyes. Estratégias de marketing à parte, o fato é que disco está nas lojas e mostra algumas das qualidades que levaram a banda a ser considerada uma boa exceção em meio à cena emocore que invadiu as rádios, a MTV e a preferência do público teen nos últimos anos.
Entre as dez músicas do álbum, é possível encontrar várias das sacadas inteligentes que dão a esperança de que, com um pouco mais de idade e maturidade, o Paramore pode ir longe: as melodias grudentes, a coesão instrumental, detalhes interesantes nos arranjos – a bateria de Here We Go Again, os backing vocais de My Heart – e principalmente a presença de Hayley Williams, dona de uma voz poderosa e muito carisma.
De resto, não há nada muito diferente da fórmula usada à exaustão por eles e também por bandas semelhantes como 30 Seconds to Mars e Fall Out Boy: um som energético e sentimental, com clichês herdados do punk californiano, do pop e até do grunge – por exemplo, a alternância entre estrofes calmas e refrões pesados. Espera-se que, em Brand New Eyes, o Paramore consiga fugir desses padrões e mostrar a criatividade que aparenta ter e precisa ser mais bem explorada. (Denis Moreira)
Dream Theater – Black Clouds and Silver Linings
Black Clouds and Silver Linings (em português, “nuvens negras e fachos de luz”), nome do novo CD do Dream Theater, já anuncia sua principal característica: letras pesadas e introspectivas. Nesse aspecto, destaca-se a faixa 5, The Best of Times, dedicada ao pai do baterista Mike Portnoy, que morreu de câncer no começo deste ano.
Nem é preciso ir tão longe disco adentro. A primeira das seis faixas do álbum, chamada A Nightmare to Remember e com longos 16 minutos, abre o disco com a história de um grave acidente sofrido na infância pelo guitarrista John Petrucci, hoje com 43 anos. Ele assina, também, a balada Wither, sobre o que parece ser um processo de bloqueio criativo.
Embora a música que abre o álbum dê a impressão de que o disco será acelerado, as demais faixas seguram um pouco o ritmo, deixando-o no limite de uma cadência quase monótona. Ainda assim, o Dream Theater continua firme no heavy metal progressivo e com instrumentos muito bem trabalhados, inclusive os teclados épicos.
Tanto virtuosismo não é à toa: os três integrantes originais – o baixista John Myung, Petrucci e Portnoy – se conheceram quando cursavam a prestigiada Berklee College of Music, em Boston. O tecladista Jordan Rudess não fica atrás, tendo se formado na também conceituada Juliard, de Nova York.
Com James LeBrie nos vocais completando a formação, o Dream Theater continua fazendo o que sabe de melhor em Black Clouds and Silver Linings, seu 11º trabalho de estúdio, para alegria de seus fieis seguidores. (Richard Pfister)
Paolo Nutini – Sunny Side Up
Não é nada justo jogar o coitado do Paolo Nutini no mesmo balaio de
artífices do bundamolismo como Coldplay e Kings of Convenience só pelo
fato de terem escolhido o mesmo produtor, o britânico e PHD em baladas
sofridas Ken Nelson, para suas respectivas estreias. Na tentativa de
varrer seu chororô R&B para debaixo do tapete, o cantor e
compositor escocês lança o segundo disco, Sunny Side Up.
No CD, Nutini desfila um cardápio de influências extenso
levando em conta seus 22 anos. Para se ter uma ideia, o jovem emula da
euforia de Bob Marley (no ska de abertura 10/10, com proeminente trio
de metais) ao lirismo pra lá de rascante de Worried Man e Keep Rolling.
Elas fecham o disco e provam que o rapaz ouve bastante Leonard Cohen e
Van Morrison.
Nutini, que assina todas as canções, não é de todo ruim. Por trás da
carinha de galã blasé, há um sujeito talentoso na hora de compor. O
bicho pega, no entanto, quando o assunto é a interpretação. Na voz de
um Damien Rice da vida, a bela Growing Up Beside You poderia ganhar
muito em emoção. Talvez por isso, faixas mais agitadas são as que
sobressaem, como Pencil Full of Lead. (Braulio Lorentz)