Jimi Hendrix
A essência de um Jimi Hendrix em sua fase mais inquieta está presente no álbum People, Hell And Angels, que será lançado no dia 5 de março e inclui gravações inéditas, disse em entrevista à Agência Efe o veterano produtor Eddie Kramer.
Doze músicas gravadas entre 1968 e 1969 refletem um momento particular na breve trajetória do guitarrista americano (1942-1970), obcecado pela “experimentação” e por abrir outras portas musicais, segundo aquele que foi seu produtor e colaborador habitual desde 1967 até sua prematura e misteriosa morte.
“Naquela época estava muito inquieto. Ele gostava de tocar com outros artistas e a Nova York não paravam de chegar bandas inovadoras”, lembrou Kramer, parceiro de Hendrix, que morreu os 27 anos após ter alcançado o estrelato com sua banda, a Jimi Hendrix Experience.
Jimi Hendrix: ouça faixa inédita lançada 40 anos após a morte do músico
Veja o tracklist de People, Hell and Angels
O novo trabalho póstumo de James Marshall “Jimi” Hendrix será lançado dois anos depois de Valleys of Neptune, um dos álbuns de estúdio publicados após a morte do famoso guitarrista.
Hendrix nasceu em Seattle (EUA) e morreu em Londres por intoxicação de barbitúricos e inalação de vômito.
Entre as canções selecionadas por Kramer, Janie Hendrix – irmã do músico – e John McDermott está uma totalmente inédita,”Somewhere”, recém descoberta e gravada em março de 1968 com o bateria Buddy Miles e com Stephen Stills no baixo.
Também aparecem canções antigas de Hendrix como “Earth Blues”, onde também tocam Billy Cox e Miles, e “Izabella”, do grupo Gypsy Sun & Rainbows, mas em uma versão nova que difere da qual saiu em 1970 como single de Band of Gypsys.
Kramer assegura que o disco traz “a pura essência e a magia” do considerado pela crítica como melhor guitarrista da história, quando preparava seu planejado álbum duplo First Rays of the New Rising Sun (lançado finalmente em 1997), logo após o aclamado Electric Ladyland.
“Nestas 12 canções está o melhor de Hendrix e é um disco especial, pois, depois deste álbum de estúdio, não haverá mais nada”, garante o produtor nascido na África do Sul há 70 anos, que agora trabalha em “alguns álbuns ao vivo incríveis”, dos quais não revelou detalhes.
People, Hell And Angels brinca com elementos novos como uma segunda guitarra, a introdução de teclados e percussão nesta seleção de temas.
“O disco revela o Jimi que precisava fazer uma parada brusca e se distanciar do sucesso incrível de Electric Ladyland – terceiro álbum de Hendrix com sua banda Jimi Hendrix Experience – para testar coisas novas; e é disto que se trata este disco. Do Jimi que se afasta do Jimi Hendrix Experience”, explicou Kramer.
O produtor, que trabalhou com artistas reconhecidos como Led Zeppelin, Rolling Stones, David Bowie e Beatles, lembrou que com Hendrix compartilhava “muita informação musical” e para o guitarrista era “interessante” sua formação musical clássica em instrumentos como piano, violino e violoncelo.
Kramer admite que ainda hoje a “lenda” de Hendrix continua “pesando”: “Quando estou no estúdio, sempre levo em conta o que Jimi teria gostado. Me sento, escuto o que tenho e me pergunto: É isto realmente o que ele gostaria?”.
“Sinto muitas saudades e acho que isto acontece com o resto do universo. Era um gênio e um grande perfeccionista”, destacou Kramer sobre um artista que deslumbrou a todos com seus “riffs” de guitarra e ainda lembrado por suas selvagens e impressionantes apresentações ao vivo.