A prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal dos Transportes (SMT), já adotou uma série de medidas polêmicas para tentar melhorar o trânsito na capital paulista. Primeiro foram as regras para a circulação de caminhões e depois dos ônibus fretados. Agora, ela quer mexer nas regras dos táxis, para reduzir os preços e incentivar o uso em horários alternativos.
Hoje, quem precisa pegar um táxi em uma cidade como São Paulo sabe que uma “corrida” média raramente custará menos do que R$ 15,00. Por isso, surgiram propostas para reformular a política do sistema de táxi paulistano, que tem uma frota estimada em 32 mil carros.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, a ideia seria até mesmo de reduzir o valor das tarifas no horário de pico. No entanto, a principal mudança será para oferecer preços mais baixos nas noites de sexta-feira e sábado. A medida, que deve entrar em vigor no próximo mês, que incentivar a população a deixar o carro em casa para reduzir o número de acidentes.
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, disse ao jornal que a prioridade da SMT é colocar a iniciativa em vigor antes da chegada do final do ano, quando acontecem muitas festas e aumenta o consumo de álcool. “Infelizmente, muitas pessoas continuam bebendo e dirigindo”. Para encontrar a melhor forma de atender o interesse da população e dos taxistas, a secretaria contratou o Ibope com a população que pode ser beneficiada com a medida.
Os números da pesquisa contratada assustaram a secretaria, já que a metade dos entrevistados afirmou que consome bebidas alcoólicas aos finais de semana. Para piorar, 62% deste total costuma ir aos bares dirigindo o próprio carro.
O grande objetivo da SMT com essa mudança nas tarifas é gerar mais trabalho para os taxistas em um período de baixa procura e também oferecer condições para que os moradores da cidade respeitem a Lei Seca.
Preço elevado
A prefeitura afirma que a tarifa de táxi em São Paulo é a mais cara do país. Uma corrida de dez quilômetros custa, em média, R$ 28,70, sendo que no Rio de Janeiro esse valor é de R$ 19,16. O entendimento é que o alto valor faz com que a população se afaste do uso do táxi.
A proposta da SMT é de uma redução de 30% do valor da tarifa nas noites de sexta-feira e sábado. Com isso, o valor cobrado seria o mesmo da Bandeira 1, que atualmente é de R$ 3,5 a bandeirada mais R$ 2,1 por quilometro rodado. Atualmente, esse valor vigora de segunda-feira a sábado, das 6 às 20 horas. Já a Bandeira 2 tem o quilômetro rodado a R$ 2,73.
Resistência
Apesar da intenção da prefeitura de São Paulo, a medida deve enfrentar uma resistência dos taxistas. Essa é a opinião do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo, Natalício Bezerra. Ele argumenta que a Bandeira 2 foi criada para incentivar os taxistas a trabalharem de noite, um período com mais riscos. Com isso a categoria seria prejudicada.
Além das mudanças que devem começar a valer em novembro, a SMT avalia também reduzir o valor nos horários de pico e realizar também algumas alterações operacionais, como criar pontos de táxi móveis, para dar mobilidade aos motoristas.
O secretário explicou que está em constante contato com os profissionais da área, já que sugestões de quem trabalha na “praça” ajudam a elaborar as novas regras. “Em média, os taxistas realizam cinco viagens ao dia. Com as mudanças, queremos dobrar esse número”.