O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, reafirmou nesta quinta-feira que desistiu de seguir as negociações com o presidente golpista, Roberto Micheletti, porque este não esteve disposto a cumprir os acordos alcançados através de órgãos multilaterais para superar a crise que afeta o país.
Em diálogo com o telejornal colombiano NTN 24, Zelaya disse que, apesar dos avanços conseguidos pela secretária de Estados dos Estados Unidos, Hillary Clinton, para aproximar às partes depois do golpe de estado de 28 de junho, Micheletti não cumpriu nada.
“O Governo golpista nunca esteve disposto a cumprir nem o diálogo, nem o acordo, nem as iniciativas da OEA, nem da Organização das Nações Unidas”, disse Zelaya da embaixada do Brasil em Honduras.
Explicou que ele não está disposto a dialogar com pessoas que transgrediram a lei e lembrou que após os acordos o regime golpista começou a pedir primeiro “a metade do Governo e depois o contracheque”.
Explicou que não seria possível que no final o encarregado de dirigir a “reconciliação nacional” fosse o próprio Micheletti, que chegou ao poder por um golpe de estado.
Indicou que o que ocorreu em Honduras serve para que a América Latina e Estados Unidos aprendam a lição que “não se dialoga com terroristas que dão golpes de Estado”.
Em nome dos hondurenhos, Zelaya agradeceu o apoio da comunidade internacional após sua saída abrupta do poder.
Indicou que atualmente o acompanham cerca de 20 pessoas na embaixada do Brasil, entre os que se contam advogados e um sacerdote salvadorenho ao que ele lhe deu a nacionalidade hondurenha porque vive no país há mais de 26 anos.
“São pessoas de inteira confiança (as que me acompanham e) que estão prestando um serviço à pátria e à democracia”, indicou Zelaya.
O líder acrescentou que sua amizade com o presidente venezuelano Hugo Chávez é a mesma que tem com outros líderes da região e do mundo, ao mesmo tempo em que lembrou que por convicção buscou aproximação com Cuba.
Reiterou que ao longo de sua vida sempre atuou dentro da lei e que não cometeu nenhum delito nem como cidadão comum nem como presidente de Honduras.