Uma radiante Penélope Cruz apresentou neste sábado (5), em Londres, seu último filme, o musical Nine, dirigido por Rob Marshall, e que, segundo a crítica, poderia gerar a terceira nomeação da espanhola ao Oscar.
No entanto, a atriz confessou hoje à Agência Efe que no momento não pensa na possibilidade e que a única coisa que espera é “que o filme funcione bem e que as pessoas gostem”.
“Não consigo pensar nos prêmios Oscar, se ainda não acredito que tenham me dado um. Às vezes olho (para o prêmio) e penso que é um desses de brinquedo que os amigos te dão de presente”, disse Cruz. Contudo, se a candidatura se tornasse realidade, seria a terceira vez que a atriz brigaria por uma estatueta.
Este ano, Penélope fez história ao se tornar a primeira espanhola a ganhar um Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel em Vicky Cristina Barcelona (2008), dirigido por Woody Allen. Dois anos antes, teve sua primeira nomeação, por Volver, de Pedro Almodóvar.
Apesar da tranquilidade, Penélope assegura que sempre que começa a gravar um novo filme continua sentindo uma “certa insegurança” diante do desconhecido.
“Quando começo um filme tenho a sensação de que é a primeira vez que faço isso, tudo me parece estranho e, inclusive, tenho a sensação de que é um trabalho do qual posso ser demitida”, disse.
Após ter passado por filmes de todos os gêneros, desde o drama à comédia, passando pelo suspense, Penélope volta agora com Nine, em um terreno arriscado como o dos musicais, dando vida a Carla, a amante do diretor de cinema italiano Guido Contini.
“Meu maior medo era cantar em público e dançar um tipo de dança muito diferente da que tinha aprendido quando era pequena”, reconhece Penélope.
Junto à espanhola, chegaram também em Londres o diretor do filme, Rob Marshall, assim como outros membros da equipe, que inclui nomes como Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman e Judi Dench, entre outros.
Nine é uma adaptação do musical da Brodway homônimo que, por sua vez, foi inspirado no lendário filme 8 1/2 (1963), de Federico Fellini.
A trama viaja em torno da profunda crise de identidade na qual Contini (Day-Lewis) se vê imerso quando se dispõe a dar início a seu nono e último filme.
Rodeado sempre por mulheres, Contini procura a inspiração em sua mulher (Marion Cotillard), sua amante (Penélope), sua musa (Nicole), sua confidente (Judi) e sua mãe (Sophia Loren).
Segundo Marshall declarou à Efe, o protagonista “está imerso em uma crise pessoal tão enorme que chega a perder sua capacidade de criar”.
Perguntado se ele mesmo se sentiu identificado com o personagem de Contini, Marshall afirmou que, até agora, não experimentou essas sensações em sua própria carne e que espera que isso nunca aconteça.
“No entanto, sinto certa empatia diante desse sentimento de entrar em algo e não saber como começar”, acrescentou o cineasta.
Sobre a corrida rumo ao Oscar, Marshall mostrou a mesma cautela de Penélope e assegurou que “seria um presente se acontecesse, mas não quero falar sobre o assunto, por enquanto”.
Nine foi o último roteiro adaptado pelo cineasta britânico Anthony Minghella, que morreu em março de 2008.
“Era um grande amigo e nos deixou um roteiro genial”, lembrou Marshall, que acrescentou estar “muito agradecido e espero que, onde estiver, esteja orgulhoso deste filme”.
A enorme responsabilidade de aceitar o papel de Guido, considerado por muitos a representação cinematográfica do próprio Fellini e interpretado inicialmente por Marcello Mastroianni, caiu sobre o Day-Lewis, que disse à Efe que decidiu “encarar o personagem de uma forma totalmente irresponsável”.
“Espero que Fellini não se remexa no túmulo pelo que vou dizer, mas se não tivesse me aproximado de Guido assim, o sentimento de dever teria paralisado tanto a mim quanto ao filme em geral”, disse.