O Pato Fu tem 18 anos de idade, mas vendo-os em cima do palco neste sábado, 24 de abril, no Sesc Pompéia, nem dá para notar a passagem do tempo – a não ser, talvez, pela careca do guitarrista John. De qualquer forma, a vitalidade daqueles jovens que se apresentavam no Faustão com sintetizadores e pulavam de um lado a outro do palco está mais contida, mas permanece intacta. O tino pelo pop esquisito também.

Com o décimo disco pronto para ser lançado após a Copa do Mundo, o Pato Fu encarou o show não como parte da turnê de seu mais recente trabalho, Daqui Pro Futuro (2007) – entraram apenas 4 músicas do álbum – e resolveu fazer uma retrospectiva diversificada de sua discografia. Assim, o show começou contemplando os anos 00, com a latina Tudo Vai Ficar Bem seguida da nervosa versão da Graforreia Xilarmônica Eu e do hit assobiável Anormal.

No palco, pouca coisa mudou desde a última apresentação da banda no mesmo Sesc Pompéia, em dezembro de 2008. Fernanda Takai continua uma frontwoman de primeiro nível, sabendo exatamente a hora de fazer intervenções engraçadas. Mesmo contida nos movimentos, ela ocupa com graça o enorme palco do Teatro do Sesc e consegue agradar a todos os lados da platéia – o palco fica no centro, com a banda rodeada pelo público.

O baixista Ricardo Koctus e o tecladista Lulu Camargo continuam discretos, assim como ainda é o mesmo o vigor do baterista Xande Tamietti, que parece ter oito braços ao tocar. A surpresa, no entanto, fica por conta do guitarrista John. Com o bom humor habitual, neste show ele se permite ter momentos de guitar hero, circulando pelo palco com caras e bocas dignas do excelente instrumentista que é.

A primeira música da década de 90 a aparecer foi uma surpresa agradável para os fãs paulistas. Mamãe Ama Meu Revólver, do disco Gol de Quem (1995), não costuma ser tocada, tanto que a última vez que estrou no setlist foi justamente na apresentação de 2008 no mesmo Sesc Pompéia. À época, a música foi um pedido do tecladista Dudu Tsuda, paulistano que substituía Lulu Camargo temporariamente e contou à banda que “Mamãe” possuía muitos fãs na terra da garoa.

O repertório contou com outras gemas especiais para os fãs, como O Filho
Predileto de Rajneesh (originalmente gravada pelo Sexo Explícito, primeira banda de John), a balada Amendoim, Simplicidade, num arranjo bucólico de voz e violão, bem longe do clima robótico registrado em Toda Cura Para Todo Mal (2005), e a versão completa de Rotomusic de Liquidificapum, com toda sua esquizofrenia, emendada com o Hino Nacional do Pato Fu.

Não faltaram os hits também. Canção Para Você Viver Mais, Perdendo

Dentes, Antes Que Seja Tarde e Made In Japan – emendada com Capetão 66.6 FM estavam lá para garantir os momentos de cantar junto com o olhinho fechado. E, se é assim, nada melhor para fechar a primeira parte do show do que a versão açucarada de Sobre o Tempo que já foi até trilha de Malhação – vejam só. Para encerrar de vez, um bis curto que culmina com Depois, a música mais fofa de todas, segundo a própria Takai. Final de noite perfeito.

Veja o setlist:

Tudo Vai Ficar Bem
Eu
Anormal
Amendoim
Ando Meio Desligado
Mamãe Ama Meu Revólver
Perdendo Dentes
Uh, Uh, Uh, Lá, Lá, Lá, Ié, Ié
Simplicidade
Imperfeito
Antes que Seja Tarde
O Filho Predileto de Rajneesh
Nada Original
Rotomusic de Liquidificapum / Hino Nacional do Pato Fu
Canção Pra Você Viver Mais
Made In Japan / Capetão 66.6 FM
Woo!
Sobre o Tempo

Bis

Agridoce
Mama Papá
Depois


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Pato Fu faz retrospectiva de sua carreira em show inspirado no Sesc Pompéia