No último texto publicado aqui no Vírgula, enfatizei que a preparação da seleção depende do jeito de quem a dirige. O método de trabalho é adequado à forma do treinador. Não é privilegio brasileiro.
 
Na Argentina, também é assim. Esquema, concentração, folgas… Tudo é moldado de acordo com a feição do seu técnico. São estilos antagônicos de Maradona e Dunga.
 
Cerveja, churrasco, sexo e vinho estão no cardápio. A única ingerência da Associação de Futebol da Argentina, a AFA, é de fazer a despedida pré-Copa em gramados portenhos.
 
Nas eliminatórias, o pedido de Maradona foi aceito, e o resultado mostrou-se desastroso: jogo contra o Brasil em Rosário, no acanhado Gigante de Arroyito, time no ataque, e derrota por 3×1.
 
Suas convicções vão além de resultados. Em caso de derrota, o futebol entrará em uma grande depressão, quase um colapso. Se tiver sucesso, será considerado gênio também na estratégia. No mesmo patamar de quando jogava e encantava.
 
A convocação é uma variedade de talentos e exotismo. Ao chamar sete atacantes, entre eles Palermo (?), dá a nítida sensação que jogará no ataque na África do Sul. Durante as Eliminatórias, “El Pibe” testou todos os esquemas táticos possíveis, com as mais variadas formações, e não ficou satisfeito (quem ficaria?).
 
A virada
 
O descrédito mudou em março, quando a Argentina fez grande partida e venceu a Alemanha com Messi mais adiantado e Higuain no ataque. Foi a melhor exibição sob o comando de Maradona. Parecia outra seleção se comparada àquela que deu vexame, e causou irritação e preocupação antes da Copa.
 
Nos primeiros dias de preparação, os argentinos ensaiaram um esquema ousado: três atacantes, com Tevez e Higuain pressionando a saída de bola do adversário.
 
Do meio de campo para frente, Argentina e Espanha são as seleções com o maior número de opções para mudar um jogo. O problema, por incrível que pareça, está aí. É possível afirmar que a equipe de Maradona será campeã ou fará papelão: não acredito em meio termo, como ser eliminada nas quartas e oitavas de final.
 
Messi será o do Barcelona? Apesar do ótimo passe, Verón não deixa o time mais lento? Gutiérrez é o jogador ideal para ser o segundo volante? A revelação Di Maria manterá o nível de atuações?
 
Essas perguntas nem Maradona sabe responder.
 
É bom torcer pelos talentos dos meias/atacantes, porque a defesa com os inseguros Romero (goleiro), Otamendí e Heinze (laterais) não conseguirá manter o mesmo padrão.
 
A Argentina será oito ou oitenta na África do Sul.
 
Colaboração: Raphael Prates


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