Economista com experiência na área industrial e tecnológica, Carlos Américo Pacheco, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) defende o alinhamento da política econômica com a agenda da inovação. Ele destaca que a inovação é um ato essencialmente econômico.
“As empresas inovam para competir no mercado, não porque os governos querem. Há um diagnóstico atual de que é preciso criar a cultura da inovação nas empresas, mas esse não é o principal problema”, disse em palestra na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, ontem.
De acordo com Pacheco, uma das maiores dificuldades encontradas pelos empresários que já têm a cultura da inovação como uma prática é a carência de profissionais capacitados. “A formação em ensino superior no Brasil ainda é baixa. Faltam profissionais formados nas áreas de ciências em geral, mas faltam, principalmente, engenheiros.”
O diretor do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga, disse que um ponto fundamental para o desenvolvimento da inovação nas empresas é fortalecer a engenharia.
Segundo ele, há postura de empreendedorismo entre os pesquisadores brasileiros, quesito também importante no cenário do desenvolvimento científico e tecnológico, mas o fator técnico é uma carência histórica no País.
Fraga lembrou que, com 1,6 mil profissionais dedicados à pesquisa científica e tecnológica, a Petrobras investiu nos últimos três anos US$ 2,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Ele disse que as instituições de pesquisa e universidades brasileiras são as principais parceiras da empresa no processo de inovação.
Ele ressaltou que as multinacionais são as empresas que mais investem em ciência e tecnologia nos países desenvolvidos. Segundo Fraga, essas empresas têm investido massivamente nos parques industriais e tecnológicos de países emergentes. “Para aumentar nosso nível de inovação, precisamos de uma política pública que aproveite essa janela de produtividade.”