Um dos momentos mais esperados para o rúgbi brasileiro nos últimos anos, a disputa do Sul-Americano de Sevens acontece neste fim de semana. As expectativas de bons resultados são grandes, pois a seleção vem com uma das melhores preparações dos últimos anos, pelo menos essa é a opinião de Diego Lopez, pilas da equipe.
“Nossa preparação para este Sul-Americano foi muito dura e longa, sem duvidas uma das melhores preparações que um selecionado nacional teve na modalidade. Estamos treinando intensamente desde agosto passado, mas o trabalho teve inicio lá atrás em 2008. Fizemos três torneios de alto nível preparatórios fora do Brasil, dois na Argentina e um no Uruguai, tivemos uma infra-estrutura única em termos de suplementação, treinos e apoios”, afirmou o jogador.
Toda a preparação faz o Brasil almejar o seu melhor resultado na competição que seria chegar ao pódio e conquistar uma vaga para os Jogos Pan-Americanos.
“Nossas expectativas estão na mesma altura de nossa preparação, esperamos jogar em nosso melhor nível conquistar a vaga ao Pan e colocar o Brasil numa colocação final superior aos últimos anos do torneio, entre os três primeiros colocados”, completou.
Em entrevista exclusiva ao Portal Virgula, o atleta também comentou qual a diferença entre treinar na França e no Brasil, comentou as chances de crescimento do Brasil em relação a Argentina, a esperança para os Jogos Olímpicos de 2016, e muito mais. Leia a entrevista na íntegra abaixo:
Portal Virgula: Qual a principal força deste time?
Diego Lopez: Para mim, o fruto desta longa preparação e treinamentos intensos desenvolvemos nossa maior força, que é a união e o jogo coletivo. Treinamos muito e tivemos muitas oportunidades de viajar juntos, se conhecer. Hoje entramos em campo e somos um selecionado que funciona e joga como um clube, os jogadores são irmãos e se conhecem muito bem, sabemos o que esperar de jogador ao nosso lado, conhecemos os pontos fortes de cada um e as limitações e assim, sabemos como extrair o melhor de cada um. Creio que a coletividade e a união de nossa equipe são diferenciais e sendo assim o ponto forte de nossa equipe, ponto chave este que pode fazer a diferença em jogos decisivos.
PV: Qual é a principal diferença da forma como o rúgbi é tratado aqui e lá na França? O que falta para nós?
DL: É difícil comparar, são duas realidades opostas. Lá os jogadores vivem um rúgbi profissional desde as categorias de base, os clubes possuem uma infra-estrutura profissional, com escolinhas de formação, etc. Culturalmente todos conhecem rúgbi na França, o esporte é muito difundido nos veículos de mídia, é obrigatório nas escolas, as pessoas veem os jogadores de rúgbi como cidadãos diferenciados. Por aqui não temos essa cultura de rúgbi, o esporte , apesar de ter mudado muitos nos últimos anos, ainda é pouco conhecido pelas pessoas e tem pouco espaço nas mídias. Isso tem mudado, e rápido. É notável a diferença de hoje, com a difusão de dez ou cinco anos atrás. Tudo graças a uma profissionalização de nossa organização, no caso a Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu). A partir do momento em que o rúgbi se tornou novamente um esporte olímpico, tivemos um salto de apoio, infra, divulgação , resultado dessa postura mais profissional adotada pelo órgão que rege o rúgbi no Brasil. Atualmente temos muito mais jogadores, difusão, espaço na mídia, apoios. As grandes marcas como Bradesco e Topper começam a acreditar em nosso esporte e tenho certeza que até 2016 tudo irá mudar muito mais ainda. Claro que ainda temos um grande gap com relação aos paises como a França, que respiram o rúgbi há mais de 100 anos. Mas acredito muito em nosso rúgbi e sei que isso ainda vai ser grande no Brasil.
PV: O que falta para o Brasil chegar ao nível da Argentina no rúgbi?
DL: Assim como os países da Europa e Oceania, a Argentina tem uma cultura de rúgbi que vem de muitos anos atrás, devido a sua colonização inglesa. Estamos no caminho certo para tentar equiparar as forças com nossos vizinhos hermanos. Porém, ainda precisamos de um trabalho de base muito mais intenso, a implementação de rúgbi nas escolas, assim como a difusão do esporte nas mídias. O Brasil é um gigante adormecido, temos um potencial de material humano imenso, todo esporte que colocamos fichas colhemos frutos .Acredito que com o rúgbi pode acontecer o mesmo, com muito trabalho e um profissionalismo e alguns bons anos podemos ter um cenário muito diferente.
PV: Você acha que o Brasil pode já ser grande, como diz o comercial da Topper, nas Olimpíadas de 2016?
DL: Acredito que sim. Principalmente na modalidade olímpica, que é o rúgbi sevens, jogado por sete jogadores. Estamos no caminho certo, mais profissionalismo, maior divulgação, crescimento exponencial do número de praticantes, tudo indica que sim. Nossos dirigentes guiarão esse crescimento da melhor maneira possível, a fim de tornar o esporte conhecido para o público em geral. Com mais investimentos, teremos melhores resultados, mais visibilidade e acredito que até 2016 teremos um grande numero de apaixonados pelo esporte empurrando nossa seleção nos Jogos Olímpicos de 2016, espero poder estar dentro de campo neste grande evento e vivenciar cada passo de nosso querido esporte até lá rumo ao reconhecimento.