O jornalista britânico Andrew Jennings, da emissora BBC de Londres, é talvez o maior especialista em todo o mundo a respeito dos esquemas de corrupção que rondam a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional. Grande parte destes escândalos foram ainda mais desbravados em uma entrevista exclusiva concedida por ele aos repórteres JP Flávio Prado e Filipe Cury. Ao longo do bate-papo, Jennings levantou a seguinte questão aos brasileiros: “Como não fazem nada para apagar esta mancha? Como Ricardo Teixeira e João Havelange se mantêm no poder e não estão na cadeia?”

A pergunta do jornalista da BBC é baseada em uma série de acusações aos dois principais dirigentes do futebol brasileiro nas últimas décadas. Com relação ao presidente da CBF, por exemplo, Jennings credita a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 a um trabalho minucioso de pressão sobre o suíço Joseph Blatter, recém-reeleito mandatário da Fifa. “Ricardo Teixeira pressionou Blatter por sua própria Copa do Mundo para desviar recursos. Há muito dinheiro para ser desviado. As evidências disso estão em contratos lucrativos que ele tira do governo federal. O lucro fica concentrado nas mãos de poucas pessoas”, garantiu.

Na visão do britânico, Teixeira conseguirá atingir o objetivo de sediar o Mundial no Brasil às custas dos torcedores e amantes de futebol espalhados pelo país. “Ele não pensa na nação e sim no dinheiro”, disse. Segundo ele, o brasileiro era o nome já combinado para suceder Blatter na Fifa em 2015, mas isto não ocorrerá por “problemas de ordem interna”. “O nome mais cotado agora é o de Michel Platini, presidente da Uefa”, cravou.

Já em relação a João Havelange – presidente da Fifa dos anos 70 ao fim da década de 90 -, Jennings assegurou que foi ele quem instaurou o esquema de privatização do esporte, com a negociação de contratos milionários de marketing com a empresa de materiais esportivos alemã Adidas, por exemplo. “Quando Havelange assumiu a Fifa, nasceu a realidade do suborno institucionalizado.”

As provas de que a Fifa está atolada em questões de subornos e propinas há muito tempo são esmiuçadas por Jennings e incluem outros nomes de peso, como Nicolas Leóz, presidente da Conmebol desde os anos 80.


int(1)

Especialista detalha esquemas de corrupção da Fifa