A negativa em relação ao pedido do governo italiano pela extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti ficou marcada como última medida de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República. O que pouca gente esperava era que, além da indignação dos italianos quanto à decisão do Brasil, o fato poderia mudar os rumos da Copa do Mundo, que volta ao território canarinho em 2014, 64 anos após a tragédia do “Maracanazzo” contra a seleção uruguaia.
Aliada à medida de Lula em dezembro, o Superior Tribunal Federal (STF) optou pela liberação de Battisti no início de julho. Na Itália, o ex-ativista fora condenado à prisão perpétua, acusado de quatro assassinatos ocorridos no final dos anos 70. O imbróglio reforçou a ira da “Terra da Bota”. Em paralelo, cartazes começaram a ser estampados nesta terça-feira nas ruas de Roma, pregando o boicote da seleção italiana ao Mundial de 2014.
As propagandas são baseadas no emblema oficial da Copa do Mundo. Entretanto, as cores verde e amarela são substituídas por preta e vermelha, com direito a manchas de sangue escorrendo entre a réplica do troféu Fifa. Nos dizeres, os manifestantes pregam que a maior competição de futebol do planeta está manchada pelo “sangue italiano”.
O mal estar entre Brasil e Itália em torno do caso Battisti não é novidade. Há poucos meses, a dupla brasileira de vôlei de praia formada por Allison e Emanuel foi atacada por laranjas pela torcida italiana. A capital Roma foi a sede do torneio mundial da categoria. De quebra, os futuros campeões ainda foram chamados de assassinos, em alusão à “proteção” dada ao ex-ativista.
Em paralelo, a Agência Ansa assegura que a Fifa já estuda a possibilidade de aplicar sanções à seleção italiana caso o boicote realmente ocorra. “Se isso ocorrer, para eventuais sanções, será o Comitê Executivo da Fifa que deverá tomar uma decisão em última instância”, afirmou Pekka Odriozola, um dos porta-vozes da entidade que dirige o futebol mundial.