The Rapture e Breakbot no Circo Voador - Rio de Janeiro (27/01)


Créditos: Jonia Caon

De vollta ao pela terceira vez ao Brasil, o The Rapture sempre deu as caras por aqui com uma responsabilidade diferente. Em 2003, quando se apresentaram no finado Tim Festival, encabeçavam o renascimento do Pós-Punk e do som de Nova Iorque. Em 2007, no Festival Planeta Terra, vieram mostrar que a influência do disco-funk dos anos 70 poderia levá-los às paradas de sucesso, agora que faziam parte de uma grande gravadora. Cinco anos depois, quando ninguém mais dá a mínima para bandas influenciadas pelo Gang of Four, o grupo está de volta à gravadora que os descobriu para o mundo, retornando como um trio mais refinado, deixando claro que superaram a saída do baixista e vocalista Matt Safer em 2009.

Em 2011 o The Rapture lançou o disco In The Grace of Your Love, escrito majoritariamente pelo vocalista e guitarrista Luke Jenner, que nos últimos anos acompanhou o nascimento de seu primeiro filho e passou pelo suicídio de sua mãe. O disco, mais introspectivo e econômico, ainda que otimista e carregado de influência gospel (musical e tematicamente), tem seus bons momentos e não deixa de soar como o renascimento de uma banda que quase ruiu, mas não chega perto das faixas dançantes de Pieces of People We Know (2007) ou da agressividade de Echoes (2003), considerado um dos discos mais importantes da década passada.

No palco, porém, onde boa parte da discografia do grupo foi revisitada, o quarteto – Harris Klahr, ex-membro do finado Q and not U, substituiu Safer no baixo e nos backing vocals com responsabilidade – descarregou um set bastante heterogêneo, coeso e dançante. Todas as músicas ganham energia extra e, se a voz rasgada de Matt Safer teve a ausência sentida nas faixas em que fazia o vocal principal com muita personalidade, a banda recompensou com incrível força e destreza. Apesar de pouco se movimentarem no palco (sendo o multi-instrumentista Gabriel Andruzzi o mais animado, principalmente em suas intervenções tocando saxofone e cowbell), a energia emanada pelo grupo foi suficiente para deixar os fãs casuais e ardorosos exaustos de tanto dançar.

Não é bem o público carioca, mas sim o público do Circo Voador que sempre dá um show à parte e nenhuma banda sai do palco imparcial. Uma sessão de hipnose em massa aconteceu em músicas como os hits House of Jealous Lovers, WAYUH, Get Myself Into It, How Deep Is Your Love e Sail Away. A melancólica Sister Savior foi uma das grandes ausências do curto set list, que poderia render muito mais, apesar da noite fria e chuvosa, mas que ainda assim deixa claro que o The Rapture continua vivo e relevante por mais alguns bons anos.

O encerramento da noite ficou por conta do produtor e DJ francês Break Bot (alcunha de Thibaut Berland), artista do conceituado selo de música eletrônica Ed Banger, conhecido pelo seu primeiro hit, Baby I’m Yours. Apesar de ter um EP e dois Singles de alta rotatividade nas pistas européias e alguns remixes para grupos como Justice, Metronomy, Digitalism, Röyksopp e Air. Com um set de muito fôlego, o DJ conseguiu manter quase toda a platéia na pista, destilando aquele electro-pop retrô que o país do Daft Punk vem aperfeiçoando, reciclando e exportando desde que Homework foi lançado em 1997.


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The Rapture renasce para o público carioca