Se “a vida é um tweet”, como escreveu recentemente o ex-vice-primeiro-ministro britânico John Prescott, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Venezuela, Hugo Chávez, aplicaram esta máxima à sua gestão política, fazendo da rede social Twitter um dos elementos-chave para chegar ao público.
São os reis do que um estudo publicado nesta quinta-feira em Genebra denomina como “Twiplomacia“, uma ferramenta que permite aos líderes mundiais divulgar suas medidas a uma audiência crescente e aos cidadãos, pelo menos em teoria, ter acesso a seus governantes.
Barack Obama é o político mais popular no Twitter, com 17,1 milhões de seguidores. Hugo Chávez está na segunda posição, embora à grande distância, com 3,1 milhões.
No entanto, o presidente venezuelano é mais seguido pelos “twitteiros” do que a Casa Branca, em terceira posição com 2,9 milhões de seguidores, da rainha Rania da Jordânia, com 2,1 milhões, e do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, com 2 milhões.
Acima do milhão de seguidores estão também a presidente Dilma Rousseff e os líderes da Turquia, Abdullah Gül; México, Felipe Calderón; Argentina, Cristina Kirchner; Colômbia, Juan Manuel Santos.
No total, presidentes, primeiros-ministros e instituições governamentais de 125 países têm presença no Twitter, que é especialmente popular na América, tanto no sul como no norte, onde 83% e 75% dos chefes de Estado e de Governo, respectivamente, têm uma conta nesta rede social.
Na Europa, três quartos dos governos são ativos no Twitter, enquanto na África e na Ásia os números caem até 60% e 56%, respectivamente, e na Oceania até 29%.
Até o momento, as contas governamentais enviaram cerca de 350 mil tweets, somando um total de 51,9 milhões de seguidores.
O mais lido e partilhado na breve história de Twitter foi um de Barack Obama publicado no último dia 9 de maio -“Os casais do mesmo sexo deveriam poder se casar”-, reenviado 62.047 vezes.
O estudo, elaborado pela empresa de relações públicas e comunicação Burson-Marsteller, ressalta que a qualidade é mais importante que a quantidade e que o impacto político do Twitter depende do número de contatos entre os líderes mundiais.
É significativo que mais de um quarto dos governantes do mundo sigam @Obama, embora o inquilino da Casa Branca siga apenas, até o momento, os primeiros-ministros da Noruega, Jens Stoltenberg, e da Rússia, Dimitri Medvedev.
A melhor rede de contatos é do presidente da União Europeia (UE), Herman van Rompuy (@euHvR), que conta com 11 contatos recíprocos com outros líderes políticos mundiais. A segunda melhor conectada é a primeira-ministra australiana (@JuliaGillard), com dez, seguida pela presidência sul-coreana (@BlueHouseKorea), o governo britânico (@Number10gov) e o primeiro-ministro russo (@MedvedevRussia), cada um com nove.
O estudo também revela que o Twitter é utilizado às vezes por pequenas nações como forma de “estarem presentes” na tomada decisões, embora com sucesso duvidoso.
O presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, segue outros 71 governantes, e o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, a 50, embora no caso destes dois últimos ninguém tenha lhes devolvido “o favor” até o momento.
O extremo inverso são líderes que não seguem ninguém, como o presidente russo, Vladimir Putin, o presidente ruandês, Paul Kagame, o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e a Casa Real holandesa.
Uma dúvida constante é se os governantes escrevem pessoalmente seus tweets, à qual o estudo indica que os mais ativos são o primeiro-ministro de Uganda, Amama Mbabazi, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e o próprio Barack Obama.
A pesquisa destaca que muitas contas são abertas em período eleitoral, sendo muito ativas antes das eleições e silenciando-se uma vez que o político chega ao poder.
Há no total 57 “perfis dormentes”, entre os quais se destacam os da presidente Dilma (@DilmaBR) e do presidente francês, François Hollande (@FHollande).
Os líderes mundiais twitam em 43 línguas diferentes, embora a maioria das contas (90) empreguem o inglês como idioma principal, seguido pelo espanhol (41), pelo francês (25) e pelo árabe (17).
Em termos de mensagens, as contas em espanhol são as mais ativas, com um total de 125.220 tweets para seus 12,5 milhões de seguidores, mais do que os 93.888 tweets em inglês enviados aos 27,2 milhões de seguidores.