Red Hot Chili Peppers no Lollapalooza Chicago


Créditos: Henriette Gallo

“Pessoal, isso é sério: vamos ter que fechar o festival e evacuar o parque”. Esse foi um dos vários avisos que surgiram nos microfones dos palcos do Lollapalooza Chicago, no último sábado (4). A previsão do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) de que uma forte tempestade estava para acontecer na região do Grant Park deixou os organizadores do evento em estado de alerta, colocando em xeque os shows principais daquela noite. Mas cinco horas depois, o Red Hot Chili Peppers estava no palco fazendo o show que pode ter registrado o maior público desta edição do festival.

Anthony Kiedis e Flea, respectivamente vocalista e baixista considerados o núcleo da banda, são calejados em histórias de superação pessoal: problemas familiares, luta contra vícios e a perda de Hillel Slovak (o primeiro guitarrista dos Chili Peppers, falecido em 1988). Com um currículo desses, a tarefa de eclipsar a confusão ocorrida à tarde e fechar o segundo dia do Lollapalooza com chave de ouro fica fácil.



Em sua terceira participação no festival (o grupo já tocou nas edições de 1992 e 2006), o Chili Peppers começou com a barulhenta “Monarchy of Roses”, faixa de abertura do disco mais recente, “I’m With You”. Mas foi a partir de “Around The World” que a apresentação esquentou de verdade, com várias pessoas trocando os beats eletrônicos do palco Perry pelos slaps de Flea no baixo. A migração de público continuou durante “Snow ((Hey Oh))” e terminou a tempo de “Otherside” ser recebida com empolgação pela plateia, que cantava a letra a em uníssono. Nem mesmo um pequeno erro de Anthony Kiedis na transição do verso para o refrão atrapalhou o coro dos fãs.

“Look Around” veio para trocar o ‘momento karaokê’ do show por uma cadência um pouco mais dançante, que teve seu auge depois de um longo improviso que serviu como introdução para “Can’t Stop”. O grupo só foi recorrer a composições mais antigas depois de uma versão estendida de “If You Have to Ask”, que foi recebida de maneira morna em relação ao catálogo recente. Essa diferença na receptividade do repertório também ficou clara durante “Suck My Kiss”, que gerou comoção somente nos membros mais velhos da plateia. Até mesmo o clássico “Under The Bridge” não foi entoado pelo público com a mesma força de hits como “Californication” e “By the Way”. Pelo visto, os Chili Peppers envelhecem, mas seu séquito se renova cada vez mais.

Com uma rápida pausa e retorno para o bis com “Brendan’s Death Song” a estrela de Josh Klinghoffer pode ser notada com mais intensidade. Guitarrista melódico que também sabe encaixar boas doses de barulho em seus solos, Klinghoffer se revelou uma escolha certeira depois que John Frusciante deixou o grupo. Com ele, Flea e o baterista Chad Smith passaram a improvisar mais ao vivo (prática que ocorreu diversas vezes no palco) e Kiedis encontrou um backing vocal mais presente.


Em seguida veio o ritmo frenético de “Give it Away” e com ela um momento de catarse de Flea. “Muito obrigado, nós amamos vocês. Apreciem a música ao vivo, nunca a deixem morrer”. Depois de um show desses, será que precisava pedir?



Setlist:

Monarchy of Roses
Around the World
Snow ((Hey Oh))
Otherside
Look Around
Throw Away Your Television
Can’t Stop
If You Have to Ask
The Adventures of Rain Dance Maggie
Suck My Kiss
Under the Bridge
Goodbye Hooray
Californication
By the Way

Bis:
Brendan’s Death Song
Give It Away 


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Red Hot Chili Peppers encerra dia problemático do Lollapalooza com belo show