Responsável pela primeira brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, Felipe Kitadai, bronze no judô, passou por um dos momentos mais inusitados da competição. Enquanto tomava banho, o judoca de 23 anos se descuidou e quebrou a haste que segurava a medalha.
Após o acidente, o atleta, com ajuda do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), conseguiu uma nova medalha. E parece que Kitadai aprendeu a lição e abandonou os banhos com medalha.
“Agora, eu já parei de tomar banho com a medalha, mas tomei até voltar ao Brasil. No momento, ela fica guardada na caixa”, disse o atleta em entrevista exclusiva ao Virgula Esporte. “Foi até engraçado, eu nem me desesperei nem nada na hora, eu estava muito cansado. Nem me preocupei, eu dormi com ela e falei que depois me preocuparia”, completou.
Aliás, a medalha de bronze ainda emociona o judoca brasileiro quando ele fala sobre a conquista. Quase um mês depois de faturar o prêmio, ele ainda se pega sem acreditar em seu feito.
“Eu estava conversando com a Ketlyn (Quadros), que foi a primeira a conquistar uma medalha olímpica em um esporte individual. Foi incrível. A gente não sabia diferenciar o que era sonho e o que era realidade. Até semana passada, eu pensava ‘não é possível que isso seja meu’, isso daqui é muito grande para mim”, disse.
Mas para chegar no pódio entre os melhores do mundo em Londres, Kitadai reconhece que a batalha foi dura. Segundo o judoca, ele teve muitas dúvidas sobre a sua carreira.
“São várias dúvidas que passam na cabeça. Primeiro é se esse caminho está certo. Depois, a maior dúvida é quando você está terminando o colegial e vai passar para faculdade, passar da fase de moleque para fase adulta. A fase que a pessoa começa a trazer dinheiro para casa, começa a fazer uma faculdade e você tem de fazer uma escolha, ou eu ia para faculdade ou eu ia de cabeça no judô. Ainda bem que tive ajuda dos meus pais para organizar minha mente e a gente decidiu que o momento de treinar para entrar em uma seleção brasileira era aquele e não depois de uma faculdade”, afirmou o medalhista, que ainda sente falta de apoio.
“Patrocínio pessoal, eu não tenho nenhum. Eu acho um pouco incrível. Eu não conheço a parte burocrática das coisas, mas existe a lei de incentivo que as empresas podem usar como uma doação, 1% do imposto, ao invés de pagar pro imposto, investir em atleta, em uma equipe. Não é um dinheiro que eles gastariam, é um dinheiro que gastam com o governo, poderiam investir no esporte”, finalizou.