Quase 500 brasileiros foram vítimas das redes de tráfico de pessoas desde 2005 e os principais destinos das máfias que operam no país são Holanda, Suíça e Espanha, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (16) pelo Ministério da Justiça.
Do total de casos registrados, 337 referem-se à exploração sexual e em sua maioria afetaram mulheres, indicou o estudo, que segundo as autoridades somente reflete aqueles fatos que foram devidamente denunciados.
O Ministério da Justiça admitiu que a realidade “pode ser ainda pior”, pois muitas das vítimas das redes de tráfico de seres humanos não denunciam sua situação por “medo”, “vergonha” ou por simples ignorância.
De acordo com os dados recolhidos, o Suriname é hoje a principal porta de saída do Brasil para essas máfias, sobretudo quando se trata das vítimas mandadas para a Holanda, país para o qual desde 2005 foram enviados 133 brasileiros.
O relatório diz que 55% dos responsáveis dessas redes são mulheres que enganam jovens de regiões pobres de diversos lugares do país para levá-las a esses e outros países e obrigá-las depois a prostituir-se.
Na elaboração do estudo, o Ministério da Justiça contou com respaldo e informação fornecida pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que colaborará com o governo na elaboração de um plano de combate ao tráfico de pessoas.
“É um assunto que preocupa a todo o mundo e, infelizmente, no Brasil há uma incidência muito grande desse delito”, declarou o ministro de Justiça, José Eduardo Cardozo.
O ministro assegurou que o plano que o governo prepara junto com a UNODC será anunciado em breve e envolverá todos os organismos de segurança do Estado, assim como outros órgãos da área social, com o objetivo de reforçar não só a repressão, mas também a prevenção desse crime transnacional.