A detenção de um internauta chinês por fazer uma brincadeira no Twitter relacionada ao Congresso do Partido Comunista Chinês (PCCh), na qual parodiava a abertura do encontro como se fosse um filme de terror, provocou polêmica entre a comunidade de usuários da internet na China.
Na rede social, Zhai Xiaobing narrou uma sequência fictícia na qual mais de 2 mil delegados do PCCh morreriam durante o evento devido à queda do teto do Grande Palacio do Povo, e que haveria somente sete sobreviventes – número de membros do Comitê Permanente do partido -, mas que eles posteriormente viriam a falecer em estranhas circunstâncias, seguindo o argumento da famosa saga de terror “Premonição”.
Depois que a história foi postada no Twitter, a conta do usuário não teve mais atividade durante vários dias, o que levantou a suspeita de uma de suas melhores amigas, que decidiu ir à casa de Zhai para ver se ele estava bem, diz o jornal “South China Morning Post”.
Familiares de Zhai, de 36 anos e natural de Pequim, disseram que a polícia o havia levado no dia 7 de novembro – um dia antes da abertura do Congresso – e confiscado seu computador.
Posteriormente, um oficial de polícia do distrito onde ele vive explicou que o internauta tinha sido acusado de “divulgar informação terrorista”, o que em caso de condenação pode levar a uma pena de até cinco anos de prisão.
Desde então, centenas de usuários das redes sociais chinesas trocaram opiniões sobre o fato, e mais de 550 participaram de um abaixo-assinado pedindo sua libertação.
Na maior rede de microblog da China, a Weibo, a maioria dos usuários condenou a ação das forças de segurança e pediu “um pouco mais de senso de humor”.
Um dos usuários, de nome Aidongdong, ressaltou hoje que “esses casos são os que trazem dano ao Partido Comunista”. e pediu às autoridades “que reflitam ao invés de fazer outros se calar”.
“É preciso proteger o direito à liberdade de expressão à frente de tudo”, afirmou outro usuário, que deixou seu nome na lista que pedia a libertação de Zhai.
Outros, no entanto, consideraram que o internauta “tinha se excedido” em suas declarações e lembraram os limites – segundo eles – “necessários” para a liberdade de expressão.
“Se este caso tivesse acontecido nos Estados Unidos, tenho certeza de que o envolvido também teria sido detido”, comentou outro usuário.
A detenção de Zhai surpreendeu muitos internautas chineses pelo fato de que seu comentário tinha sido feito pelo Twitter, uma rede social que é inacessível na China sem um programa que permita burlar a censura.
Os usuários do Twitter de todo o mundo também se uniram à campanha para pedir a libertação de Zhai, e muitos deles utilizavam a ‘hashtag’ #ReleaseZhai para referir-se à questão.