O estilista espanhol de sapatos Manolo Blahnik receberá uma homenagem por toda a sua carreira no Prêmio da Moda Britânica (British Fashion Awards) que será entregue na próxima terça-feira em Londres, anunciou nesta quarta-feira a organização.

Admirado na indústria da moda e venerado por legiões de mulheres, o desenhista será reconhecido justamente no dia em que completa 70 anos com um prêmio especial que celebra a trajetória de um estilista, em cerimônia que acontecerá no hotel Savoy de Londres.

O veterano sapateiro, que vive na Inglaterra e em 2007 foi condecorado pela rainha Elizabeth II como comandante da Ordem do Império Britânico, continua buscando “desafios” e confessa que procura, sobretudo, “a comodidade”.

“Não deixo de olhar para frente e de pensar em novos desafios, pois isso é o que me mantém vivo. Se olho para trás me sinto assustado, não feliz”, explicou em entrevista publicada hoje pelo jornal “The Guardian”.

Apesar do glamour dos sofisticados calçados, que podem chegar a custar milhares de euros e são conhecidos popularmente como “manolos”, Blahnik afirma que sempre busca “o conforto”.

“Adoro o exagero e o excêntrico, mas é preciso estar confortável. Se não, é uma bobagem. Não há nada de belo em uma mulher que não pode andar com seus sapatos”, opinou.

O espanhol também disse “odiar” as os saltos plataforma, “que fazem com que uma jovem gordinha, que pensa que vai parecer mais alta se usá-las, fique com uma aparência estranha”.

Ao falar de sua trajetória e de suas origens no mundo da moda, o cultuado criador afirma que não tem “nenhuma percepção do sucesso ou do fracasso” quando se trata de si mesmo, apesar de para milhões de clientes, muitas delas famosas, manolos serem praticamente objetos de colecionadora.

Nascido em 1942 em Santa Cruz da Palma (Ilhas Canárias), filho de pai tcheco e mãe espanhola, Manolo Blahnik começou a estudar arquitetura e literatura em Genebra e chegou a passar um verão como bolsista das Nações Unidas.

Após uma passagem por Paris, o desenhista desembarcou em 1968 em Londres, onde imediatamente ficou fascinado pela Inglaterra da época e já vive há 40 anos no Reino Unido, onde desde a década de 1980 mora em uma casa do século XVIII que “adora”, situada na cidade de Bath (norte da Inglaterra).

Após ser introduzido na competitiva indústria da moda pela então diretora da edição americana da “Vogue”, Diana Vreeland, deslumbrada com um croqui de um sapato desenhado por Blahnik, o estilista se dedicou totalmente ao design e em 1973 seu nome já tinha força.

Na entrevista ao “Guardian”, o desenhista espanhol, que fundou sua primeira loja no mesmo ano na rua Old Church do bairro de Chelsea, contou que teve uma infância idílica.
Nela, teve influências inglesas, espanholas e africanas, ainda “importantes” em sua vida e em seu trabalho, que herdou de “uma mãe que tinha um gosto natural, amante da literatura inglesa” e de um pai “que sempre escutava a rádio de Casablanca, com a maravilhosa música árabe”.

Sua fama mundial ficou ainda mais evidente em um capítulo da famosa série de TV “Sex And The City”, quando sua protagonista, a sofisticada jornalista Carrie Bradshaw, é assaltada em uma rua de Manhattan.

Reagindo ao assalto, Carrie implora ao ladrão, quase chorando: “Leve minha bolsa Fendi, meu anel e meu relógio, mas, por favor, não leve meus Manolo Blahnik!”. A cena resume o valor que os desenhos do criador representam para milhões de mulheres.


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Manolo Blahnik leva prêmio da moda britânica por seus cultuados sapatos