'Harlem Shake': compilação
Logo após o Carnaval deste ano, enquanto a febre do hit Gangnam Style, do rapper Psy, começava a baixar, outro hino fazia rapidamente a transição entre ‘meme da web’ e primeira posição no ranking Hot 100 da Billboard. Basta dar uma rápida conferida nas páginas das redes sociais para notar a quantidade de vídeos em que homens, mulheres, crianças, além de fofos animais de estimação, dançam 30 segundos de uma música conhecida apenas como Harlem Shake.
Enquanto todos se divertem com as intermináveis versões do filme original, em que amigos fantasiados dançam frenéticos ao som de uma faixa carregada de energia, uma vertente da música eletrônica ganha espaço: a trap music. No olho do furacão está o produtor norte-americano Baauer, que em 2012 lançou o single Harlem Shake sem muitas pretensões mercadológicas.
Muitos buscam uma definição para o seu estilo, por vezes confundido com dubstep, a trap music está invadindo as pistas de dança ao redor do mundo e traz na esteira do sucesso explosivo de Harlem Shake uma cena formada há duas décadas, que conta com nomes conhecidos como GucciMane, Waka Flocka, T.I., Young Jeezy e Rick Ross.
Mas, afinal, o que é trap music? Definido pelo próprio Baauer como o “rap da internet que ganhou as redes muito antes de chegar às pistas”, o gênero mistura hip hop, house, timbres da década de 90 e uma pitada de dubstep. “O termo trap surgiu em Atlanta, nos Estados Unidos, em meados dos anos 2000. Vem do trap rap, que deriva do dirty south, estilo de hip hop que domina todo o sul norte-americano”, explica o DJ e produtor Zegon.
“As rimas falam basicamente sobre tráfico de drogas, por isso ‘trap’ (armadilha, em inglês). O genêro é caracterizado por uma mistura de gangsta rap, miami bass, electro, beats com kicks profundos, pitch down vocals (vocais desacelerados) e produtores que começaram a combinar a base do trap rap com música eletrônica. O termo ficou mais popular em 2003, quando T.I. lançou o disco Trap Muzik.”
Muita vezes confundida com o dubstep, a trap music é descrita por Zegon como “um primo mais bonito do gênero”. “O dubstep ficou muito pesado e complicado para digestão do grande público. Enquanto isso, o trap combina os elementos de dubstep, como frequências, glitches, build ups, com beats mais swingados e mais fáceis de dançar, além do melhor que há em estilos como bass music e crunk. Isso faz do trap um primo mais bonito do dubstep.”
“Em menos de dois anos, tempo em que começou-se a misturar trap e música eletrônica, nomes de peso como Diplo, LOUDPVCK e Dj Sliink, estão envolvidos com o gênero”, explica o produtor. Porém, foi o lançamento de uma parceria entre Hudson Mahawke e Lunice, intitulada TNGHT, em 2012, que despertou maior atenção, tanto do público quanto da mídia especializada, para o fenômeno da trap music.
No Brasil, o gênero é representado por nomes como Nedu Lopes, Jeff Bass, Dubstrong, Akin, Coletivo Metanol, além do próprio Zegon, no projeto Tropkillaz, parceria com Andre Laudz. O single Mambo, lançado em novembro, é uma das faixas mais tocadas na Rússia, segundo o produtor. “Estou preparando um EP solo que será lançado pela gravadora Chocolate Industries de Chicago. Também devo sair em turnê pela Ásia em breve”, conta. “Vamos fazer a trap music bombar no brasil”, finaliza.