O Brasil não passou neste domingo (02) de um empate com a seleção inglesa, em 2 a 2, na reabertura do estádio do Maracanã, mantendo assim seu jejum de vitórias em partidas contra campeões mundiais, diante de um público de 66 mil pessoas.
No palco que receberá a final da Copa das Confederações neste ano, e da Copa do Mundo, em 2014, todos os gols saíram no segundo tempo. Fred abriu o placar aos 12 minutos, mas Oxlade Chamberlain e Rooney, com um golaço, tentaram acabar com a festa brasileira aos 21 e 33. Três minutos após a virada, Paulinho também marcou com estilo e decretou a igualdade.
Com o resultado, o Brasil não quebrou incômodo jejum de três anos e meio sem vitórias sobre campeões mundiais – excluindo os jogos contra a Argentina pelos Superclássicos das Américas, disputados com restrição de convocados. Ao todo, são sete jogos, com cinco derrotas e dois empates, desde a vitória, justamente, sobre a Inglaterra, por 1 a 0, em novembro de 2009.
No extra-campo, a organização da partida não apresentou grandes problemas e foi aprovada por torcedores e jornalistas. As maiores queixas acabaram sendo quanto aos altos preços, seja de ingressos ou da alimentação no interior do estádio, e quanto ao transporte público insuficiente para suprir a ausência de estacionamentos.
Nas escalações, o técnico Luiz Felipe Scolari promoveu algumas surpresas, como a presença do volante Luiz Gustavo, que chegou ao Brasil na última sexta-feira (31), junto com o zagueiro Dante, após imbróglio com o Bayern de Munique. Os dois jogadores fizeram apenas um treino com o restante do elenco.
Além disso, o comandante campeão do mundo em 2002 optou por três atacantes, Hulk, Neymar e Fred, municiados por Oscar. Outra novidade pintou na lateral esquerda, com Filipe Luís deixando Marcelo no banco.
Já na Inglaterra, Roy Hodgson trouxe algumas mudanças com relação ao time que enfrentou a Irlanda, em amistoso na última quarta-feira (29). O time veio com cinco jogadores originariamente de defesa, mas em esquema 4-3-2-1, com Phil Jones atuando como volante.
Já no hino nacional, a Seleção Brasileira mostrou uma postura de união, quando todos os jogadores se perfilaram abraçados. Logo depois, durante o God Save the Queen (Deus salve a Rainha), a torcida inglesa, atrás de um dos gols, cantou alto, até que uma sonora vaia tentou esfriar os animados visitantes.
O primeiro toque na bola foi de Neymar, que vestiu a camisa 10 mais famosa do planeta pela segunda vez em sua carreira – a primeira foi em amistoso com a Alemanha, em 2011. E foi com o novo atacante do Barcelona que o Brasil chegou pela primeira vez, aos 4 minutos, com um voleio meio desajeitado, em finalização cortada por Cahill.
Burocrática, mas ofensiva, nos primeiros minutos, a seleção brasileira jogava para uma torcida que parecia apreensiva, que pouco se manifestava. Só aos 15 minutos, o grito de “Brasil” apareceu das arquibancadas, msa durando poucos segundos.
Estrela da companhia, Neymar seguia sendo o foco de todas as atenções dentro de campo. E aos 17 minutos, Daniel Alves acertou lançamento espetacular para o atacante, que se livrou da marcação do atabalhoado Johnson e bateu forte para ótima defesa de Hart.
Pouco depois, após bela trama do ataque da seleção brasileira, Neymar recebeu, cortou Carrick e disparou com efeito, finalizando à esquerda meta inglesa, incendiando o Maracanã, de fato, pela primeira vez após o apito inicial.
Se no começo da partida a relação entre torcida e time parecia distante, até desconfiada, aos poucos os dois se aproximaram. Aos 27 minutos, após boa jogada de Filipe Luís e Neymar, o Brasil ficou perto do gol, com Hart saindo bem e despachando a bola para escanteio. Na hora de cobrar, o ex-atacante do Santos pediu apoio das arquibancadas, que vibrou em peso.
Pouco depois, aos 31 minutos de jogo, o lateral esquerdo Baines sentiu lesão e em seu lugar entrou o experiente Ashley Cole.
A primeira chegada inglesa só aconteceu aos 34 minutos do primeiro tempo, quando Hulk – pouco depois de errar uma finalização e ouvir a torcida pedir Lucas em campo – se equivocou ao passar uma bola e permitiu o contra-ataque. Após bate e rebate na área, Rooney finalizou em cima da marcação.
Caprichosamente, no lance seguinte Hulk quase marcou um gol de placa, após bom ataque que teve a participação de Fred e cruzamento de Oscar. O goleador do Zenit São Petersburgo apareceu na área e finalizou de letra, à direita do gol de Hart.
A Inglaterra não demorou para responder, quando Walcott recebeu dentro da área, nas costas da defesa e, livre, fuzilou Júlio César, que fez grande defesa, comemorada como um gol pelos torcedores brasileiros.
Para o segundo tempo, Felipão promoveu duas alterações na seleção, tirando Filipe Luís e Luiz Gustavo, para as entradas de Marcelo e Hernanes. Com a mesma equipe que terminou a etapa inicial, os ingleses voltaram mais atrevidos. Logo aos 3 minutos, em cobrança de escanteio de Lampard, Julio César saiu mal, mas antes que um rival pegasse a sobra, a arbitragem parou o lance, marcando falta.
Com menos de 10 minutos, o técnico da seleção brasileira chamou Lucas e a torcida se manifestou positivamente pela primeira vez na etapa final. Como quem deixou o campo foi Oscar, veio uma vaia uníssona e gritos de “burro” direcionados a Felipão.
O mau-estar durou muito pouco, até que Fred balançou as redes do novo Maracanã, fazendo a galera explodir. O lance, aos 12 minutos, começou com Hernanes recebendo na intermediária e chutando forte para acertar o travessão. No rebote, o camisa 9, em posição duvidosa, bateu de primeira, sem dar chances para Hart.
Os ingleses foram buscar o empate, e foi a vez da sua pequena e barulhenta torcida vibrar. Aos 21 minutos do segundo tempo, Oxlade Chamberlain, que entrara no lugar de Johnson, recebeu na entrada da área e bateu no cantinho direito de Julio César, e a bola entrou lentamente, para agonia dos brasileiros.
Como se fosse um gol, a torcida da casa vibrou aos 26 minutos do segundo tempo, com a saída de Hulk para a entrada do volante Fernando. Em seguida, outra vez, Neymar, que pouco apareceu na etapa complementar, pediu apoio do torcedor ao cobrar escanteio, e seu pedido foi aceito imediatamente.
Um contra-ataque inglês, no entanto, se transformou no primeiro golaço do novo Maracanã. Astro do Manchester United e um dos mais cobiçados jogadores da atualidade, aos 33 minutos, Rooney recebeu de Milner e arrancou e da intermediária mesmo disparou um foguete, no ângulo de Julio César, virando o placar.
Volante que sabe como marcar gols, Paulinho não deixou por menos e também marcou com estilo, três minutos depois do segundo inglês, quando Lucas cruzou na medida da direita. O corintiano emendou de primeira, sem dar chances para Hart, garantindo o empate em 2 a 2, no reencontro de todo o Brasil com o seu principal estádio.