A responsabilidade de ensinar as crianças o
que devem comer e o exemplo de um estilo de vida saudável devem vir da
família, onde se começa o combate à obesidade infantil, uma doença que
cresce no mundo inteiro e também no Brasil, alertou
Carlos Alberto Nogueira, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia
(Abram).
Em entrevista à Agência Efe, o especialista em
nutrição infantil declarou que “os pais devem ensinar aos filhos a fazer
boas escolhas. O importante é ter um equilíbrio entre o que é consumido
e o que é perdido. Assinalar um ‘vilão’ e eliminá-lo da alimentação não
resolve o problema”, defendeu.
Os danos causados pela obesidade desde a infância podem ser maiores que os problemas físicos, ressaltou Nogueira de Almeida.
“Os riscos da obesidade no adulto também existem na infância, sendo
que algumas repercussões são ainda mais graves”, indicou o especialista.
Além dos riscos de doenças cardíacas e diabetes, bastante comuns em
adultos obesos, o médico chamou atenção sobre os problemas sociais
derivados do sobrepeso nos primeiros anos de vida. “Na infância, a
obesidade pode marcar uma criança em seu meio social”, afirmou Nogueira
de Almeida.
De acordo com o médico, a autoestima pode ser muito afetada nessa fase da vida, trazendo o risco de futuros distúrbios de comportamento.
Neste aspecto, o especialista ressaltou que o desenvolvimento
tecnológico também gerou mudanças radicais na vida cotidiana das
famílias.
“Antes, as pessoas tinham um gasto de energia
compatível com o que comiam. Mas, hoje em dia, isso já não acontece”,
expressou.
Segundo o médico, “as crianças já não brincam mais
na rua por questões de segurança, as casas são cada vez menores e viver
em um apartamento passou a ser quase uma regra em cidades médias e
grandes”.
Além de isso, os dispositivos eletrônicos, como
videogames, tablets, televisores e telefones celulares, ocupam cada vez
mais o espaço dos jogos e das atividades físicas na vida das crianças.
O diretor da Abram também considerou que o aumento do poder
aquisitivo da população nos últimos anos acabou contribuindo com o
desenvolvimento da obesidade infantil no país.
Para atenuar
essa nova realizada, Nogueira de Almeida se mostrou a favor de uma
“agenda positiva”, por meio de campanhas de educação nutricional, apoio
governamental a ONG e alianças entre empresas e profissionais da saúde.