Em 2000, a Prefeitura de Piraí só
tinha um computador. Hoje, toda a extensão da cidade do Vale do Paraíba
fluminense está coberta pela Internet gratuita, graças a um sistema híbrido eu
junta Wi-Fi e conexões fixas por fibra ótica. Todos os prédios administrativos,
incluindo 25 instituições de ensino e 13 postos de saúde, têm acesso à banda
larga. Uma mudança drástica no inverso digital do município de cerca de 26 mil
habitantes, o primeiro do país a ter 100% de cobertura digital. Segundo o IBGE,
em pesquisa divulgada na última terça-feira, dia 2 de julho, apenas 13,3% dos
municípios brasileiros, ou 744 dos 5.585, oferecem este benefício aos seus
moradores – os dados foram recolhidos em 2012.
Em Piraí, já era assim em 2004. Tudo
começou quando uma grande empresa fechou e deixou desempregadas 1600 pessoas,
no início dos anos 2000. Era preciso dar a volta por cima. A Prefeitura decidiu
modernizar as redes de telecomunicações locais para atrair empreendedores, democratizar
o acesso à informação, fazer inclusão digital da população e informatizar a
gestão. Assim, foi criado um plano de diretrizes e, com recursos do BNDES,
investiu no sistema wireless, que até então era pouco adotado para redes
externas.
A iniciativa rendeu a pequena Piraí
prêmios internacionais importantes como o Top Seven Intelligent Communities,
recebido em 2005, e foi tema de uma reportagem de capa da revista
norte-americana Newsweek. Todo o projeto, batizado de Piraí Digital, tem hoje a
chancela da UNESCO. Cada pedacinho dos 520 quilômetros quadrados da cidade é
hoje coberta por Wi-Fi gratuito.
Na esteira do sucesso do programa Piraí
Digital, foi uma das cinco escolhidas pelo Governo Federal – junto com São
Paulo, Porto Alegre, Brasília e Palmas -, e a única de interior, para integrar
o programa UCA (Um Computador por Aluno). A gestão municipal deu continuidade
ao plano a cidade fez tornou também o primeiro município a distribuir notebooks
aos alunos da rede de ensino municipal. Há também uma política de implantação
de telecentros e de uso de software livre. Em casa, para usar a rede Wi-Fi
pública, o morador deve comprar um aparelho de instalação da rede.
Outras cidades já se inspiraram e vão
pelo mesmo caminho. É o caso da vizinha Rio das Flores, Rio Claro e
Conservatória, no Vale do Café, que também está investindo na cultura digital
para melhora os seu índices econômicos e sociais.