Sangue Bom, novela das sete da TV Globo
As mulheres fruta estão em alta na feira das novelas, mas o
grande destaque das que estão no ar é Mulher Mangaba, interpretada por Ellen
Rocche, na novela Sangue Bom. A funkeira, como a própria atriz disse em
entrevista exclusiva para o Virgula Famosos,
“tem senso de oportunidade”.
Ellen encara a personagem como um presente – “ela é babado
confusão e gritaria” – e diz ser um prazer de contracenar com atrizes do porte
de Marisa Orth e Giulia Gam – suas antagonistas.
Para o Virgula, ela conta como construiu a personagem, como surgiu a música Solteirinha da Pompéia,
e como o Qual é a Música, quadro do programa de Silvio Santos, que ela participou
como dubladora, nos anos 90, fez despertar nela o gosto musical.
Confira a entrevista abaixo:
Virgula Famosos – A
Maria Adelaide Amaral, autora da novela Sangue Bom, te explicou quem era a
personagem Brunetty?
Ellen Rocche – Na verdade, como tenho contrato longo com a Rede Globo, eu fui
reservada em setembro para a trama, então eu não sabia o exatamente iria fazer.
Só fui saber o que era a personagem pelo Dênis Carvalho (diretor da novela) em
dezembro, um pouco antes do workshop. Ele me falou que eu iria ser a Mulher
Mangaba, e eu morri de rir, porque é uma fruta que não é muito conhecida, mas
tem um nome engraçado.
E o que ele disse para você?
Quando o Denis me apresentou a personagem, ele me falou do
contexto da novela. Ela é uma personagem muito polêmica, é uma cantora superpopular
de funk, que é uma mulher fruta e está no núcleo porque a novela é em torno do
ser e ter. E os núcleos são muito bem estruturados em cima desta questão. Assim
como a Barbara Ellen é uma figura midiática que a Giulia Gam faz divinamente, a
a Brunetty e a Amora (personagem de Sophie Charlotte) são personagens que se
preocupam muito com a mídia e com a imagem. Mas na verdade, minha personagem é
uma crítica social e, ao mesmo tempo ,vem pra ressaltar e falar do preconceito
e mostrar que realmente nem todo mundo é o que parece na trama. Isto veio de
conversas posteriores que tive com os autores Maria Adelaide e Vincent Villari.
Quem é a Brunetty, a Mulher Mangaba, em sua concepção?
A Brunetty é uma surpresa, ela vem pra causar polêmica e pra
participar das grandes reviravoltas da trama. Ela é uma personagem mergulhos
muitos profundos, apesar dela parecer uma personagem rasa, ela é muito rico,
ela só aparenta ser rasa. Tem uma história de vida que mais pra frente irão mostrar
de onde ela veio, a história dela. Enfim, as cenas da Brunetty são sempre
babado, confusão e gritaria. Todas as cenas que a personagem está são fortes
emoções. É muito gostoso porque é desafiador.
Como é contracenar com Marisa Orth e Guilia Gam?
Com a Marisa Orth, eu já tinha contracenado em SOS Emergência
(série da TV Globo) e ela é uma atriz maravilhosa. Ela vai do drama a comédia
com uma maestria, fora que é generosa, querida. Fiquei muito feliz quando soube
que a Brunetty ia cruzar muito com a Damáris (Marisa Orth) na trama. E a Giulia
Gam, eu já era fã e contracenar com ela foi um presente porque também é supergenerosa.
Eu estou muito bem cercada, porque este elenco realmente é sangue bom.
Como foi a composição da Mulher Mangaba?
Fiz uma composição muito intensa da Brunetty, tanto de
laboratório, de estudo, de canto como de postura, e estar ao lado de artista
deste calibre como Marisa e Giulia me permite cada vez mais crescer na minha
interpretação, mesmo sendo escada. E a gente joga muito com atrizes tão
incríveis. Mas, minha primeira preocupação foi com o corpo e comecei a ganhar
massa muscular, fazendo musculação três vezes por semana. Meu corpo, na
verdade, é a única coisa que realmente eu tenho de semelhante com a Brunetty, o
resto é truque (risos). Meu biótipo permite porque sou grandona, voluptuosa.
Você se inspirou em alguém para compor Brunetty?
Ela é uma personagem muito midiática, então minha inspiração
veio em primeiro lugar da mídia. Na verdade, eu não quis me influenciar tanto
conversando com uma só mulher fruta ou funkeira, eu quis buscar na mídia
pessoas que estavam aparecendo pelo corpo, ou por cantar funk, então eu comecei
a fazer um laboratório pelas redes sociais das meninas. Muita gente pensa que
eu só pesquisei mulher fruta ou funkeira. Não, fui atrás de mulheres que usam a
mídia para aparecer, não só as mais bobinhas, mas as mais espertas também. O
maior trunfo da Brunetty, foi a Barbara Ellen que falou no texto da novela: “O
maior trunfo dela não é o bumbum avantajado, é o senso de oportunidade”. Não existe
bumbum que segure uma mulher que não tem atitude. Várias pessoas comentam, você
se inspirou na Geisy Arruda, na Andressa Urach, a Mulher Melancia… Na verdade,
eu busquei um pouquinho de todas elas e a Brunetty não é de todo interesseira,
ela tem uma certa sensibilidade.
Você foi em bailes funk?
Não conhecia o universo do funk, apesar da gente sempre
escutar – mesmo que sem querer, estando no carro, em festa. Baixei vários funks
de sucesso, proibidões (risos). Como eu faço uma funkeira paulistana, eu
pesquisei como o funk se espalhou por São Paulo e me espantei quando percebi
que existe uma febre na cidade, porque a gente sempre imagina o funk como algo
só do Rio de Janeiro. Fui em bailes na Casa Verde, no bairro do Limão e adorei,
fiquei passada.
Como surgiu o funk Solteirinha da Pompéia que você canta na
novela?
Eu não sabia que ia cantar, mas no workshop na novela o Victor Pozas, o produtor musical da novela e o
Vicent Villari falaram que tinham feito uma letra e uma música especialmente para
novela. O MC Leozinho fez o arranjo junto com o DJ Buá e eu fiz preparação
vocal Wilson Gava. Ficou muito engraçado porque a letra tem duplo sentido.
E você foi dubladora do Qual é a Música no final dos 90, o
que você aprendeu lá que pode utilizar para cantar funk?
O Qual é a Música me deu uma grande ajuda musical e aprendi saxofone na
época porque convivia com muitos músicos. E isto me ajudou a cantar, a cantar o
funk e eu tenho um bom ouvido. Dublar é muito difícil, é como cantar como ator,
pois é uma interpretação da interpretação feita pelo cantor que estamos
dublando.