O que era pra ser uma festa em grande estilo, uma espécie de
pontapé para as principais competições esportivas que serão realizadas
no Brasil nos próximos anos, não passou de uma atração secundária, apresentada para
um público diminuto.
Estádio Nacional Mané Garrincha completamente novo, quase
todos os ingressos vendidos com antecedência (público total registrado foi de 67.427 pessoas), mais de 2.000 voluntários trabalhando e
toda a organização da festa planejada por Paulo Barros, carnavalesco consagrado
do Rio de Janeiro responsável por revolucionar o Carnaval nos últimos,
com grandes surpresas como as que consagraram os desfiles da Unidos da Tijuca. Tudo estava
programado para um show de gala. Estava, mas ‘esqueceram’ de avisar o público.
Marcada para as 14h30 em ponto, a festa começou com
grande pompa, mas com poucos espectadores. Sem nenhum aviso ou informativo para
confirmar o horário do show, diversos torcedores lotavam os arredores do Mané
Garrincha, para participar ou pelo menos acompanhar as manifestações, ou
mesmo para retirar os ingressos no Centro de Mídia, que recebia filas imensas.
Os portões do novíssimo estádio de Brasília, que custou mais
de R$ 1 bilhão, foram abertos às 12h, mas pouca movimentação foi registrada
nesse horário. No momento do início da
apresentação, após uma contagem regressiva nos dois telões do estádio, cerca de
10% do local estava ocupado, com espectadores espalhados por diversos setores,
deixando um claro sinal de vazio.
Como se não bastasse o baixíssimo público na cerimônia, era
nítido, para qualquer pessoa que se sentasse nas confortáveis cadeiras vermelhas
do Mané Garrincha, escutar barulhos de tiros e bombas em meio aos batuques de
pandeiro ecoados pelos autofalantes do estádio.
Além de toda a dispersão que se notava durante a
apresentação dos voluntários, alguns erros foram vistos durante as
coreografias. Palavras e frases montadas pelos dançarinos demoravam a ser
formadas e algumas eram difíceis de entender, como ‘Bem-vindos’ e ‘The Dream’
(O sonho).
A reportagem do Virgula Esporte registrou o início da cerimônia de abertura da Copa das Confederações. Abaixo, o vídeo com a vista da área de imprensa.
Descontente com o pouco tempo disponível e também com as falhas apresentadas, Paulo Barros desabafou em sua conta no Facebook ao lamentar a falta de tempo hábil para preparar a apresentação, que não transmitida nem pela Rede Globo, emissora que detém dos direitos de da competição, que optou por passar o programa Caldeirão do Hulk.
“Viva o Carnaval!!! Copas, Olimpíadas, eventos, shows… Nunca mais!”, afirmou o carnavalesco, que teve direito a 20 minutos de apresentação, menos da metade do tempo dos desfiles na Sapucaí.
Veja abaixo o desabafo completo de Paulo Barros sobre a cerimônia:
“Quando recebi o convite do Banco de Eventos para participar da abertura da Copa das Confederações, fiquei bastante aflito. Seria minha primeira experiência em um evento que não ‘anda’. Pode parecer loucura… produzir uma festa em um campo de futebol, sem poder usar qualquer elemento que agredisse o campo, entrar e sair por acessos limitados.
Quando crio carros alegóricos, tenho tempo suficiente para treinar e fazer com que seus componentes aprendam por repetição toda a coreografia programada pelos coreógrafos.
Na Copa o tempo é limitado. A preocupação com a perfeição foi uma grande dor de cabeça. A disponibilidade do voluntariado é diferente da paixão do carnaval. É muito difícil para minha alma trabalhar com a possibilidade de erros. Não suporto erros!
Agradeço a todos os voluntários, aos meus coreógrafos Sandryni e Roberta, Renata Vieitas e toda a equipe do banco de eventos, a Fifa e a meus amigos. Foi bom como aprendizado, como amadurecimento. Só que não quero mais não… quero meu carnaval!”.
Cotado para organizar as cerimônias de abertura e encerramento da Copa do Mundo de 2014 e também dos Jogos Olímpicos de 2016, o carnavalesco deixa claro, no desabafo, que a possibilidade disso acontecer se encerrou no último sábado (15), no Mané Garrincha, antes mesmo da bola rolar.