Tony Ramos


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Tony Ramos, 64 anos, é, sem dúvida, um dos atores mais importantes da TV brasileira e sempre interpretou os protagonistas da dramaturgia. Muito espirituoso e com um reconhecido bom humor, Tony só perdia seu sorriso cativante quando alguém da imprensa o chamava de “bom moço”. Essa fama o perseguiu por anos e até impediu que ele fosse chamado para fazer algum famigerado vilão nas telenovelas. Foi então que o Virgula Famosos, em reportagem especial, resolveu investigar a vida do astro fora de cena e desvendar se essa fama procede ou é um mito como tantos outros no mundo das estrelas da TV.

Em 1963, quando Antonio Carvalho, seu nome real, recém chegado em São Paulo, vindo de Arapongas, Paraná, acabara de completar 15 anos, foi bater no Teatro de Arena para pedir emprego e se deparou com “uma senhora gorda”. Assim ele descreve Etty Fraser ao site: “…e essa mulher gorda me disse que não havia papel para mim, mas que me ligaria se aparecesse”. Aos risos Tony completa: “a gorda nunca mais ligou…”. Tony jamais esqueceu Etty, com quem, seis anos depois, contracenou na novela Nino, O Italianinho. Virou amigo inseparável, e, nos anos 90, foi padrinho do casamento dela. Em 2000, após uma viagem de avião, Etty adquiriu uma doença respiratória. “Com as baixas da carreira me vi em dificuldades, e Tony me presenteia com um cilindro de oxigênio por mês desde lá até hoje, convênio médico e muito carinho”, disse a veterana atriz para o Virgula.

Tony conheceu Myriam Muniz em 1969. A grande estrela das peças do teatro politizado dos anos 60 deu-lhe dicas de como se comportar diante das câmeras da TV Tupi. Segundo uma fonte disse ao site, o ator, já na década de 90, percebendo a avançada idade de Miriam, enviava-lhe um envelope anonimamente, com todas as contas da atriz pagas, e um “dinheirinho” para as compras do mês. Quando Myriam voltou às novelas na Record, em 2000, Tony mudou o foco de seus envelopes: os mandava para a atriz Yara Lins, na época com mais de 70 anos.

Avesso a badalações, Tony é surpreendentemente simples. Em folga da atual novela, Guerra dos Sexos, que protagoniza, ao lado de Irene Ravache, na TV Globo, emissora mais popular do pais, o ator consegue ir ao centro da cidade e fazer compras. Sem se abalar, dá autógrafos, ri, conta piada. Casado com a mesma mulher, Lidiane, eles têm 2 filhos: “Sim. E às vezes tem confusão por isso. [Dizem:] ‘Esse cara é muito certinho, é muito isso’. Eu não sou certinho, sou apenas um homem que ama a sua companheira. É tão simples como dizer estou com fome. É muito simples o profundo amor e respeito que eu tenho por ela [Lidiane]. Ser macho é poder dizer eu sou, sim, o homem de uma única mulher”. E continua: “Estou casado há 43 anos, por amor, afeto, determinação. Felizmente, achei uma parceira de humor, inteligente, muito culta, muito sábia. E é isso que move a vida. Eventualmente, trago flores e às vezes tomamos um champanhe na temperatura certa, no fim do dia… É bom demais”.  

Certa vez, Tony sabendo que uma das maiores atrizes de sua geração, Miriam Mehler, estava com dificuldades para pagar o colégio dos filhos, ele se prontificou a ajudar. Aracy Balabanian, em recente entrevista ao Programa Estrelas, contou que quando seu apartamento no Rio de Janeiro sofreu um incêndio, o ator e sua esposa compraram quase todas as roupas de que a atriz precisava e “inclusive uma bolsa, que ela tem até hoje”.  

Mas não é só com os atores da velha guarda que Tony exerce seu “bom mocismo”. Em 2001, Dan Stulbach era um desconhecido, cansado da difícil vida de um ator sem fama e estava prestes a desistir da carreira. Tony foi assistir à sua peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz e ficou impressionado com o talento do jovem ator, soube de sua luta e cansaço e decidiu produzir a peça. Depois entrou para o elenco do espetáculo e, ainda em 2009, exigiu que Dan fosse o protagonista da versão cinematográfica do texto: “Devo o ator que sou hoje ao Tony” diz Stulbach.

Quando Tony fica sabendo que o motivo da reportagem é sua fama de bom moço, já não fica tão chateado como nas entrevistas passadas. O peso do tempo e sua consciência afirmam que sim, mesmo que, com sua voz, silencie. Ele insiste em explicar: “Os heróis românticos que sempre vivi na televisão se misturaram na cabeça das pessoas. Nunca pisei em ninguém. Jamais invejei outra pessoa. Nem inveja boa, como dizem por aí. Mas eu sou um cara ético, sim. Isso é a coisa mais importante do mundo para mim. Se ser um cara ético é ser bom moço, então tá… Eu sou um bom moço”

Para o Virgula Famosos já não precisava mais que Tony admitisse ser. Os fatos apurados nesta reportagem falam por si. E desconfiamos que, mesmo que não tenhamos achado outros atores que quisessem revelar, em muitos teatros, bastidores, sets e camarins deste país, grandes e novos artistas reconhecem: Tony Ramos é mesmo um bom moço.

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Tony Ramos comprova fora de cena a fama de bom moço