Michael Bublé faz show em São Paulo
Como não gostar de Michael Bublé? O sujeito é um boa-praça: simpático, sempre sorridente e brincalhão (é tudo ensaiado? não importa), disparando piadinhas picantes sobre sexo, mas reservando momentos para blablablás românticos. Quem fica imune?
Talvez muita gente. Mas não a multidão que lotou o Ginásio do Ibirapuera na noite de sexta (19) para conferir a primeira apresentação em São Paulo da turnê To Be Loved – nome do último álbum do cantor.
Essa turba foi lá para ver e ouvir o ídolo supremo. E Bublé não se fez de rogado, esbanjando carisma invejável de popstar, e dando ao público (quase) tudo que este queria:
– Disparou tochas de fogo no palco para abrir a noite
– Desceu do palco para tirar uma selfie com um rapaz que segurava um cartaz: “Não sou uma garota, mas tire uma selfie comigo!”
– Deu autógrafos para os fãs enquanto subia de volta para o palco
– Passeou pelo meio da plateia como um Moisés cercado de seguranças, para ir cantar no palco pocket no fundo do ginásio
– Desceu de novo, e deu as mãos para os felizardos que circundavam o tal pocket palco
– Apresentou ao público o guitarrista paulistano que faz parte da banda, e pediu para o músico dizer, em português: “Se vocês fossem ao meu quarto, veriam que tenho um pôster do Neymar coberto de beijos!”
– Como um homem do tempo paranormal, fez chover zilhões de corações brancos e vermelhos, de papel picado, sobre a multidão, enquanto cantava All You Need is Love, dos Beatles
– Soltou um cover de Get Lucky, do DaftPunk
– Atreveu-se a cantar, à capela e sem microfone, com a voz dominando o ginásio que nem respirava em silêncio sepulcral, o trecho final de Song For You
E com esta última façanha deixou o palco de vez (afinal, esse já era o terceiro número do bis). Assim, como um autêntico Flautista de Hamelin, ou um Encantador de Cavalos, um domesticador de hienas, Bublé provou que nasceu para ser popstar.
Mas o que faz dele melhor do que os efêmeros popstars que continuam brotando nas redes sociais da vida, é que ele canta de verdade. Limpando todo o “Cirque du Soleil” do show e toda a pose estudada que o torna um mix de Frank Sinatra, Johnny Mathis e Roberto Carlos, sobra um cantor admirável, cuja voz estranha e inconfundível é inegavelmente especial.
E afinal, é disso mesmo que estamos falando. Pessoas saem de casa para ver um homem cantar. E para depois irem embora, felizes, para talvez praticarem amor e sexo como Bublé mandou. A vida é bela.