O jornal “Ha’aretz”, de Israel, publicou nesta sexta-feira uma carta aberta à atriz espanhola Penélope Cruz, na qual critica duramente sua decisão de apoiar o manifesto assinado com outros artistas em favor do boicote a Israel pela ofensiva em Gaza e a ocupação do território palestino na Cisjordânia.
O artigo, assinado por Yehonatan Geffen, um dos autores e compositores israelenses mais prestigiados, afirma que a atriz desconhece a realidade heterogênea de Israel e cai no erro de citar lugares comuns sem confrontar os fatos.
Geffen também aproveitou para atacar outros artistas, como Roger Waters, ex-integrante do grupo de rock progressivo Pink Floyd, a quem acusou de antissemitismo.
“Tive uma pequena crise de ciúmes quando você se casou com o ator Javier Bardem. Mas a crise verdadeira chegou quando li o manifesto que você escreveu junto com outros prestigiados artistas espanhóis contra meu país, (dizendo) que o mesmo comete um genocídio e que deve ser submetido a um boicote cultural e diplomático”, afirmou.
Geffen se define como um homem de esquerda, dentro do amplo espectro da esquerda que afirma existir em seu país, e acusa Penélope Cruz de desconhecer que existe em Israel uma corrente que também se envergonha dos ataques.
“Se os artistas e os intelectuais têm um papel social, devem conhecer os fatos e comprová-los. O mais fácil é nos condenar ao ostracismo e nos odiar. E o guru dessa arte vulgar é Roger Waters, o líder de Pink Floyd e agora o líder menor da ‘luz’ antissemita”, acrescentou Geffen.
Há meses, a plataforma palestina Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) propõe que governos, instituições e pessoas públicas se juntem a um boicote contra Israel, similar ao que foi feito contra o regime do Apartheid na África do Sul.