Com público superior a 130 mil pessoas durante todo evento, a Comic-Con pode parecer a estação da Sé às 18h. A diferença é que está todo mundo está absurdamente feliz, em meio à Disneylândia dos nerds e geeks, e no clima hospitaleiro da Califórnia.
Comprar é o de menos, os que vão fantasiados querem mesmo são seus 15 minutos de fama, tal qual Andy Warhol (1928-1987) alardeou que um dia todos nós teríamos direto. Eles não se importam com as abordagens de estranhos para fotos a cada segundo.
Nosso primeiro encontro foi com Powdered Toast Man. “É divertido”, respondeu David Ross, um tanto lacônico, à pergunta sobre o motivo que o levou a escolher o personagem. A brincadeira saiu barata, US$ 10. Talvez a marra do nosso amigo fosse o frio, já que seu corpitcho ficava bastante exposto.
Em seguida, foi a vez de Venom. “É uma coisa muito particular, você tem tudo que se relaciona com quadrinhos aqui”, justificou Mikayla Villavert, em relação ao melhor da feira, antes de adicionar que aqui ninguém tem preguiça de se produzir.
Que o diga James Laborde, o Monstro do Pântano, Swamp Thing, em inglês. A fantasia do cara até piscava os olhos. Quanto ele gastou? “Não quero pensar sobre isso”.
Depois do encontro com a criatura, que falava com dificuldade por trás de tantos penduricalhos, um Capitão América negro chamou nossa atenção.
Numa banca dedicada a quadrinhos antigos, ele havia acabado de tirar suas luvas para poder folhear uma revista. Dwayne Boyd tem um vozeirão grave, digno de super-herói. O cara foi esperto, pegou a fantasia em uma loja especializada e gastou US$ 37. Ele elogiou a excentricidade da galera que frequenta a feira.
Se o Capitão América tinha sossego, quatro garotas que eram uma espécie de versão nerd do Bonde das Maravilhas, eram abordadas insistentemente. Só que era isso mesmo que elas queriam. “Essa é a melhor parte, faz a gente se sentir famosa. Nós sabíamos que se viéssemos com roupas normais ninguém iria ligar”, confessou Elisabeth Krieger, que estava com as amigues Hanna, Jessica e Tory, todas de Orlando.
Já com passos vacilantes em meio à multidão, reconhecemos um Super-Homem com uma bandeira dos Estados Unidos que havia sido fotografado pela agência de fotos Getty Images um dia antes, na noite que antecede a abertura oficial. O mexicano Bersain Gutierrez nem sabia e a reportagem do Virgula Top of The Pops contou a boa nova. A ficha caiu e ele entendeu por que tanta gente o estava abordando.
Talvez por estar sentindo o gostinho da fama, ele discursou. “O melhor da Comic-Con é que ela abraça o geek dentro de nós, a criança dentro de nós. Nós temos carreiras, nos estressamos no dia a dia, mas todo mundo quer acreditar em heróis, quer acreditar em algo bom, que as coisas podem mudar com um piscar de olhos. Aqui você não é mais você, é um super-herói por cinco dias”, afirmou.
Para nós brasileiros, no entanto, a coisa aqui está mais para Carnaval. Ou você duvida que o Monstro do Pântano faria sucesso em cima de um carro alegórico?