Ambulantes no Mineirão


Créditos: Gabriel Quintão

Belo Horizonte está em obras. A cidade se prepara para a Copa do Mundo, freneticamente. No hotel em que ficamos, com elevadores panorâmicos de vidro, dormi um pouco incomodado com o lençol engomado, evidência de que talvez eu fosse o primeiro a usá-lo.

No entorno do Mineirão, onde o Virgula Festivais esteve no sábado (22), para cobrir o Planeta Brasil, o ambulante José Carlos Vieira, 43 anos, é puro otimismo. “Antes, não era assim, mas hoje em dia você já encontra gringo em BH. gente de Nova York, de Portugal”, diz. “Vai”, ele responde, convicto, quando pergunto se vai dar para ganhar dinheiro na Copa. 

Fã de rap, José ressalta que nunca pagaria R$ 200 para ver Guns N’ Roses, maior atração do festival. Se a noite continuasse um pouco devagar como estava (“Tem muita fuleiragem vendendo três latas de cerveja por R$ 10”), ele esperava lucrar R$ 80. Atualmente, ele trabalha para a vizinha e pretende guardar dinheiro para ter seu próprio negócio. Um isopor e um carrinho já o credenciariam a isso. 


Vai ter Copa, sim, e vai dar para ganhar uma grana: José contra a “fuleiragem” 

Dalma Dark, 60, e José Miguel Bispo, 65, de um disputado carrinho de macarrão, estavam na bronca. “A gente paga a licença, mas o fiscal quase não deixa a gente trabalhar”, lamentava Dalma. “Eles falam 500 metros (da entrada) e põe a gente a mil metros.” Ela acha que na Copa será anda pior. De fato, sob controle da Fifa, haverá barreira de dois quilômetros de qualquer produto comercial.

Dalma Dark e seu cunhado José Miguel Bispo: na bronca com os fiscais

Dalma conta que tanto jogos quanto shows podem render um dinheiro legal. Em uma noite boa, eles chegam a tirar R$ 1.000, sem descontar os gastos. Com a grana que ganhariam no sábado, caso a fiscalização da prefeitura não aparecesse e os mandasse para mais longe, pretendiam pagar dívidas, como a prestação do carro. “Por isso que tá assim. A pessoa fala, vou mexer com trem errado”, avisa Dalma.

Henrique Ferreira de Jesus, 18, esperava vender cem “latões” de cerveja e ganhar entre R$ 300 e R$ 400. “Sou cabeleireiro, estou guardando dinheiro para montar meu salão”, diz o rapaz de Janaúba, norte de Minas. Ele contou que, nos jogo do Atlético Mineiro da final da Liberdadores e a reta do final da conquista do Brasileiro pelo Cruzeiro chegou a vender 300 latões.

Henrique é cabeleireiro. Junta grana para montar seu próprio salão
 
Sérgio Ricardo Romeiro, 24 anos, de São Paulo, vende camisetas, bandeiras e bandanas para fãs, com, direito a maquininha de cartão e tudo. “Quem mais compra é criança. O melhor público é o infantil”, revela. Ele diz que em uma turnê grande, com sete shows, chega a faturar R$ 2 mil. Torrar tudo? Nem pensar. “Eu reinvisto. Tenho minha lojinha em Artur Alvim”. Ninguém segura esses empreendedores do Brasil.Crédito ou débito? Sérgio é o guerreiro de Artur Alvim


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Saiba o que a galera que trabalha na frente do Mineirão faz com a grana que ganha