(Por Camila da Rocha Mendes) Em mais uma medida para tentar conter uma recessão mundial, bancos centrais de todo o mundo cortaram sua taxa básica de juros nesta quarta-feira (8), numa ação conjunta sem precedentes.

 

O Federal Reserve (BC dos EUA), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra cortaram, cada um, 0,5 ponto percentual em suas taxas básicas. A instituição dos EUA baixou de 2% ao ano para 1,5%; a européia, de 4,25% para 3,75%; a britânica, de 5% para 4,5%.

 

Hong Kong reduziu o juro básico em 1 ponto percentual, maior corte desde que o território começou a usar essa taxa, há uma década. Também cortaram a taxa de juro em 0,5 ponto percentual o Banco do Canadá, o BC da Suécia e o Banco Nacional Suíço. O Banco do Japão manifestou forte apoio a essas ações de política monetária, mas disse que não podia se permitir corte nas taxas, que já estão em 0,5%.

 

Juros baixos incentivam a atividade econômica

 

A taxa básica de juros de um país é a variação que o governo paga pelos empréstimos que pega com os bancos, vendendo títulos públicos, e é usada como parâmetro para a cobrança de empréstimos em todo o sistema financeiro. Se ela é reduzida, o consumo e a produção industrial são incentivados, já que financiamentos se tornam mais acessíveis e baratos. Se, ao contrário, ela é elevada, a demanda se contrai. A elevação dos juros é uma medida utilizada para controlar a inflação, e atualmente está em curso no Brasil. Ao contrário de seus pares estrangeiros, o Banco Central do Brasil já elevou a taxa por quatro vezes neste ano, para 13,75% ao ano.

 

Já a ação conjunta dos BCs de países desenvolvidos tem o objetivo de incentivar a economia, com o consumo e a produção industrial, e colocar mais dinheiro disponível no sistema financeiro. Este segundo efeito é alcançado, pois com juros baixos, a atratividade de investimentos de renda fixa diminui. Isto porque, a renda fixa tem retornos vinculados à taxa de juros.

 

Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores, já que as ações passam ater mais potencial de retorno.

 

Mercados reagem timidamente ao corte de juros

 

A notícia do afrouxo monetário promovido por BCs ao redor do globo fez as bolsas diminuírem um pouco o ritmo de perdas, mas os mercados continuam com viés negativo. Às 12h40, a Bovespa descia mais de 2%, enquanto a Bolsa de Nova York recuava 1,4%. Já o dólar mantém forte alta contra o real, de 3%, apesar de ação do BC no mercado.

 

BC tenta conter alta do dólar

 

O Banco Central do Brasil vendeu moeda norte-americana ao mercado financeiro, com recursos das reservas internacionais, pela primeira vez desde o recrudescimento da crise financeira internacional. Operações de vendas diretas de dólares aos bancos nacionais não eram realizadas desde março de 2003, no início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida foi tomada quando a divisa bateu R$ 2,45 logo no início das operações. Há pouco, a moeda estava cotada a R$ 2,38.


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Bancos Centrais estrangeiros cortam juros para enfrentar crise