Clarice Falcão é dona de múltiplos talentos. Aos 23 anos, faturou a primeira colocação do Project Direct, competição mundial de curtas-metragens realizado pelo Google, com o filme Laços. Já atuou e foi roteirista de programas da TV Globo, além de ser um dos destaques do canal humorístico Porta dos Fundos.

Somando desafios e agregando títulos ao seu currículo, a recifense lançou primeiro álbum, Monomania, em abril, editado de forma completamente independente e promovido pelo iTunes. Após sua estreia em São Paulo, quando esgotou todas as entradas no Auditório do Ibirapuera, Clarice volta à cidade para duas apresentações, neste sábado (31), no Cine Joia.

Filha da roteirista Adriana Falcão e do cineasta João Falcão, Clarice cresceu rodeada por música, cinema e teatro, fato que contribuiu para sua formação artística: “Minha família sempre foi apaixonada por música. Minha mãe me colocava pra dormir cantando Chico Buarque e meu pai sempre compôs canções para as peças que ele escrevia. As festas lá em casa terminavam em uma roda de violão”, conta a cantora em entrevista ao Virgula Música.

Começando sua carreira como compositora, a fã da tríade Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil fala sobre as dores do amor com pitadas ácidas de humor e muita personalidade: “o amor faz com que as pessoas apaixonadas fiquem bobas, algumas vezes até ridículas. Uso o humor para falar desse sentimento tão maluco não por ser uma forma mais fácil de lidar com a dor, mas por se a minha forma de expressão”.

Na faixa Qualquer Negócio, por exemplo, Clarice brinca com o desespero de perder seu amando e topa qualquer coisa só para permanecer em sua companhia: “Me deixa ser/ A sua estátua do jardim/ O seu cabide de casacos/ Só não me tira de vez / Da sua casa”. “Queria fugir dos clichês. É muito fácil ser piegas falando do amor”, explica.

Apesar de suas composições sobre relacionamentos que acabaram de forma traumática, a vida amorosa da cantora vai muito bem. Ela namora há três anos o também roteirista e colega de elenco no Porta dos Fundos, Gregório Duvivier, com quem divide projetos, roteiros, textos e canções: “A primeira coisa que eu faço quando termino uma música é correr pra mostrar pras pessoas, e o Gregório quase sempre é o primeiro. Para criar é muito bom ter alguém do seu lado que te entenda, que te complete”.

MÚSICA INDEPENDENTE E O CONTATO COM O PÚBLICO 

Clarice decidiu lançar seu álbum de estreia, Monomania, de forma independe na web por apreciar o contato sem barreiras com seus ouvintes. “Gosto muito da relação direta com o público que a internet me proporciona. Posso compor uma música agora e colocar no ar em menos de duas horas. Acho isso incrível. Um contrato com uma grande gravadora muitas vezes acaba com essa liberdade”, explica.

“Existem contratos e contratos. Uma gravadora pode ser ótima quando ela confia que o seu trabalho vai dar certo do jeito que ele é, mas nem sempre é assim”, completa. Estar no palco, perto dos fãs, também foi um dos motivos de Clarice investir sem sua carreira musical. “Ainda fico muito nervosa, mas é uma sensação nova e muito boa”, diz.

“O show, especialmente quando ele acontece em uma casa de shows, com o público em pé, é quase um dueto da banda com a plateia, a troca é bem maior. Mas o meu é especialmente teatral, gosto de misturar as duas coisas. Quem fez a direção do espetáculo é o meu pai, que é diretor de teatro, por isso tem uma cara diferente de um show comum”, explica.

HUMOR ÁCIDO, RELIGIÃO E POLÊMICAS

Somando mais de 400 milhões de visualizações em 120 vídeos do Porta dos Fundos, Clarice é uma das estrelas da produção veiculada exclusivamente pelo YouTube. O sucesso imediato do programa humorístico modificou a rotina da jovem e atraiu opiniões críticas ao conteúdo, principalmente quando o tema envolve religião.

Na última semana, o vídeo Oh, Meu Deus, que mostra uma mulher – interpretada por Clarice Falcão – em uma consulta ginecológica e que tem a figura de Cristo descoberta em sua vagina, gerou revolta no pastor e deputado Marco Feliciano. O religioso acionou a Polícia Federal, na tentativa de censurar a veiculação do programa, e acionou seus seguidores em uma cruzada contra o programa.

“Eu não acho que o vídeo tenha sido ofensivo, foi apenas uma brincadeira com pessoas que enxergam a imagem de Jesus em lugares inusitados. Mas, é claro, que não tem como agradar todo mundo”, explica a cantora, que diz não ter religião: “sou ateia, mas não acho que o Brasil seja um país laico”.

“Infelizmente, em todas as notas do nosso dinheiro está escrita a frase “deus seja louvado”. Acho uma pena, até porque as religiões minoritárias terminam saindo prejudicadas. Uma piada sobre a religião católica ou evangélica causa revolta, mas a frase ‘chuta que é macumba’ é falada cotidianamente e ninguém acha estranho”, finaliza.

SERVIÇO: 

Clarice Falção no Cine Joia

Quando: 31 de agosto, às 17h e às 21h
1º show: Abertura da casa: 15h
2º show: Abertura da casa: 19h

Onde: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade

Quanto:
1º Lote: R$ 80 (inteira) e R$40 (meia-entrada)
2º Lote: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada)

Pontos de vendas:
– www.facebook.com/cinejoia na aba “Compre seu Ingresso” e cinejoia.tv/ingressos
– Cine Joia: Praça Carlos Gomes, 82 (segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 18h, e durante o final de semana, a bilheteria só abre em dia de show, 1h antes da abertura oficial da casa).

Classificação: 1º show: 16 anos; 2º show: 18 anos (Só será permitida a entrada de pessoas com 16 e 17 anos acompanhada dos responsáveis legais)

Mais informações: (11) 3231.3705 / 3131-1305


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Clarice Falcão se apresenta em SP e comenta a polêmica envolvendo vídeo sobre Jesus: "sou ateia"