(Da redação) – A longa discussão entre os direitos gays e o Vaticano enfim chegou ao mundo dos mortos. Isso por conta de um expoente do pensamento católico do século 19, o cardeal anglicano, que se converteu ao catolicismo, John Henry Newman.

O londrino Newman morreu em 1890 e foi enterrado ao lado de seu grande companheiro de vida, o padre Ambrose St. John, que havia morrido 15 anos antes. Ao longo do tempo, escritos de Newman apontam aos historiadores seu relacionamento com o beato.

Mesmo assim, o Vaticano, que é contra o homessexualismo, deve beatificar Newman pelo recente milagre intercedido por seu espírito a um homem de Boston. O enfermo sofria de uma paralisia na coluna sem explicações médicas e foi curado. Por outro lado, mesmo depois de reconhecer o milagre operado pelo padre, o Vaticano planeja mudar o corpo de Newman para um sarcófago na Igreja de Birminghan, Inglaterra, porque o acesso aos fiéis seria mais fácil.

Mas os ativistas gays britânicos vêem outros motivos para a remoção do corpo de Newman. Eles classificaram como "embaraçoso" para a Igreja o fato do padre estar enterrado ao lado de seu companheiro St. John. "Eles eram inseparáveis, viveram juntos por quase 50 anos. Viviam como marido e mulher", disse o ativista Peter Tatchell. Ainda, para o homem, tirar Newman do lado de seu companheiro é um "ato de desonestidade e traição dos homofóbicos do Vaticano".

Em resposta, o padre Paul Chavasse, que coordena o processo de beatificação de Newman, disse que a remoção do corpo do santo não tem nenhuma ligação com o nome de St. Johns. "Parte do que foi estabelecido como prioridades para a beatificação exige que, se o corpo do beato ainda existe, deve ser exumado, inspecionado e transferido para um local de honra, que esteja de acordo com o novo estatus da pessoa", explicou, segundo matéria publicada no jornal Time.

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Vaticano pode reconhecer santidade de padre gay