“Peçam o que quiserem, senhores”, dizem os “piratas” que transformaram a reprodução maciça de CDs em negócio lucrativo no Equador, a tal ponto que já começaram a exportar CDs para a Colômbia e, provavelmente, para outros países vizinhos.

Enquanto as gravadoras contabilizam suas “baixas”, milhares de amantes da música de todos os tipos se alegram com a proliferação nacional de barracas nas ruas nas quais é possível comprar CDs ao preço irrisório de 1 dólar cada.

A florescente indústria da pirataria no Equador fez circular pelo país 13 milhões de cópias de CDs em 2002, segundo as gravadoras. É como se cada equatoriano tivesse comprado pelo menos um CD ilegal no ano.

As vendas podem ter aumentado 18 por cento em relação a 2001. Enquanto isso, as vendas de CDs nas lojas caíram 49 por cento, para 644.274 unidades. Mas parece que nem isso foi suficiente para os piratas do mercado equatoriano, e eles começaram a exportar.

“Encontrei CDs ilegais, fabricados no Equador, na Colômbia. Ouvi dizer que eles já são vendidos em outros países também”, disse à Reuters a gerente da Sony Music Equador, Teresa Brauer.

As evidências da crescente pirataria de discos no Equador são apenas a ponta de um iceberg que oculta a falsificação de programas de computação, equipamentos eletrônicos e roupas de grife, num mercado em que o consumo interno se reanimou após a adoção do dólar americano como moeda nacional, em 2000.

CONCORRÊNCIA ACIRRADA

As vendas internas e as exportações de CDs piratas equatorianos foram estimuladas pelos baixos custos de produção, o acesso quase irrestrito às matérias-primas, a presença de boas redes de distribuição e os preços cobrados pelos CDs nos mercados vizinhos.

Um CD pirata pode ser vendido por até 1,50 dólar na Colômbia. No Peru, seu preço pode chegar a 4,3 dólares.

A situação já chegou a tal ponto que 95 por cento das vendas de CDs estão nas mãos dos piratas, que podem atender a qualquer tipo de pedido, independentemente do cantor ou da canção.

Cada CD legal vendido nas lojas de discos custa em média 15 dólares, o que equivale a 10,87 por cento do salário mínimo de um trabalhador equatoriano.

“Sei que não é ético, que não garante apoio ao artista, mas o preço dos CDs legais é alto demais para nossa economia”, disse o estudante Pablo Torres, de 22 anos, enquanto escolhia o disco de sua preferência.

As lojas de discos no Equador caíram de mais de 300, em 1999, para 80 hoje, e as grandes gravadoras como a EMI ou a BMG abandonaram o país devido à baixa rentabilidade de suas operações e a impossibilidade de competir com a pirataria.


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Equador vive boom da pirataria de discos